Aos cristãos católicos do Brasil

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou a sua 61ª assembleia geral ordinária, de 10 a 19 de abril, em Aparecida, junto do Santuário Nacional. Foram dias intensos de trabalhos, reflexão e oração, com a participação de mais de 400 bispos de todo o Brasil. As assembleias da Conferência são momentos importantes de manifestação da comunhão e da colegialidade episcopal, nos quais se expressa a “solicitude por todas as Igrejas”. Além de cuidar da própria diocese, o bispo também deve interessar-se pelo bem das outras dioceses e de toda a Igreja. A Igreja não é uma federação de entes autônomos, mas a comunhão dos membros de um único corpo.

Por isso é que, nesta assembleia, os bispos emitiram uma mensagem dirigida a todos os cristãos católicos do Brasil. Já era costume fazer uma “mensagem ao povo brasileiro”, abordando sobretudo questões gerais do convívio social, a prescindir da religião ou pertencimento a um grupo determinado. Também desta vez, essa mensagem ao povo brasileiro foi feita pela assembleia apenas encerrada. Mas com a mensagem aos cristãos católicos, os bispos dirigem uma palavra de pastores aos seus filhos espirituais, irmãos de fé e missão nas comunidades católicas de todo o Brasil.

Antes de tudo, trata-se de uma palavra encorajadora e carregada de esperança. Há muito de bom e belo acontecendo nas comunidades católicas do Brasil. Há muitas pessoas com fé sincera, que até sofrem pela sua fé e caminham com a Igreja, comunidade de fé, em sintonia com seus bispos e com o Papa Francisco. Da mesma forma, há um imenso testemunho de oração, de amor a Deus e ao próximo, que se expressa nas inúmeras iniciativas de caridade, acolhida e na partilha fraterna nas comunidades. E a palavra de Deus é acolhida com abertura de coração e transmitida por meio da catequese e das diversas formas de testemunho da fé. E há muita santidade no meio do povo: pessoas que vivem retamente, na humildade e na comunhão com Deus, na obediência aos seus mandamentos e no amor ao próximo.

Mas os bispos também convidam a um apreço maior pelos valores da nossa fé e da moral cristã, contra toda tentação de cair na lógica mundana da divisão e da intriga partidária. Precisamos estar atentos ao que nos une e está acima de circunstâncias passageiras ou gostos subjetivos. Devemos estar abertos a todos, acolher a todos, sem esquecer ou renegar aquilo que nos identifica como católicos. Por isso, os pastores pedem que os católicos permaneçam unidos e em comunhão, ao redor da Eucaristia, que supera todos os motivos de divisão; e, também, ao redor do próprio bispo e do Papa, que são as referências próximas e visíveis da nossa comunhão de fé em Cristo e na sua Igreja. Se vacilarem esses pilares da comunhão eclesial, os católicos correm o risco de se dividirem em grupos fechados e autorreferenciais e até litigiosos entre si. Isso seria uma grave ferida no corpo da Igreja de Cristo. A polarização política e ideológica representa um grave perigo para a unidade e comunhão na Igreja.

“Não desanimemos diante das dificuldades e das cruzes da vida”. Diante dos desafios e momentos difíceis para a vivência da fé católica, os bispos lembram a necessidade de perseverar e de se manter firmes na comunidade de fé. Mesmo sem explicitar o conceito da “sinodalidade da Igreja”, a mensagem deixa claro que a Igreja acontece no “caminhar juntos”, no interesse e atenção recíprocas, sobretudo aos mais necessitados de atenção e socorro, tanto na fé como na vida social. E, também, se pede aos católicos que valorizem os seus dons, colocando-os a serviço do próximo e da vida comunitária. A Igreja é a comunidade dos batizados, dos discípulos de Jesus, em que todos são enriquecidos com os dons da salvação e, por isso, também são chamados a participar da missão da Igreja, no anúncio e testemunho do Evangelho de Jesus. Na mesma linha, os católicos são chamados a se interessar pelas questões da vida pública e a participar, de acordo com seus dons e capacidades, das responsabilidades públicas e, também, políticas, contribuindo para a realização do bem comum.

A mensagem também traz um forte apelo à participação de todos na missão da Igreja. Cada católico participa da Igreja e deveria ter alegria em unir-se na vivência e testemunho dos dons da fé, no esforço de todos para que a missão confiada por Jesus aos discípulos continue a ser exercida também hoje, e de forma renovada. Os bispos fazem também um apelo carinhoso aos “irmãos e irmãs, membros da Igreja pelo Batismo”, que se afastaram dela, para que se aproximem das suas comunidades. “A Igreja está de braços abertos para acolher a todos, na certeza de que sua vida é preciosa para Deus”. “Em nossas comunidades, vocês encontrarão o sentido de sua existência”.

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