O novo Diretório para a Catequese, publicado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, válido para a Igreja em todo o mundo e apresentado no fim de junho deste ano, trata do lugar central e insubstituível que a Catequese ocupa na missão evangelizadora da Igreja. Toda vez que, na História, a Igreja tratou de rever e de aperfeiçoar sua ação evangelizadora, isso passou sempre pela renovação da Catequese.
Por aí compreendemos o motivo pelo qual a Santa Sé preparou longamente e, agora, publicou esse Diretório, a fim de que sirva de base a todas as conferências episcopais e dioceses na revisão e renovação da Catequese nas suas jurisdições próprias. É mais um passo importante para dar consistência à “nova evangelização”, da qual já estamos tratando há cerca de 30 anos na Igreja.
A Catequese, para não ser vazia e desviada, precisa estar inserida no anúncio e no processo de comunicação do desígnio salvador de Deus, revelado à humanidade por meio de Jesus Cristo, Filho de Deus que se fez homem, “rosto humano de Deus e rosto divino do homem”. Deus revelou seu amor misericordioso por toda pessoa e o desejo de lhe comunicar os bens da salvação. Revelando a si mesmo ao homem, Deus manifestou também a grande dignidade de cada pessoa e seu chamado, a cada um, a ser seu filho querido. Ao mesmo tempo, Jesus entregou à comunidade dos discípulos os dons da salvação, conferindo-lhes a autoridade e a missão de fazê-los chegar a todas as pessoas, em todos os tempos e lugares. Nossa Catequese não pode deixar de ter essa perene referência a Jesus Cristo.
Ao mesmo tempo, porém, a Catequese interpela a pessoa para dar sua resposta de fé pessoal ao “mistério da salvação”, que lhe é anunciado. A fé pessoal de cada uma a insere na comunidade de fé, a Igreja de Jesus Cristo. A Igreja crê e nós cremos com ela, e como ela crê. Essa resposta de fé nasce do encontro pessoal com Jesus Cristo e, também, se transforma, inseparavelmente, num encontro pessoal com a comunidade dos discípulos que creem: a Igreja. Não cremos sozinhos, e a participação na fé eclesial é uma experiência riquíssima, que amplia a compreensão daquilo que cremos. Ao mesmo tempo, ajuda a expressar melhor o testemunho da fé acolhida, que se enriquece com o testemunho da comunidade crente. Isso é necessário para superar a pretensão de uma fé individualista e isolada da Igreja que crê, celebra e professa a fé com as obras e a vida.
De fato, a transmissão fiel da Revelação divina compete à Igreja, no seu conjunto, animada e conduzida pelo Espírito Santo. É Ele que não deixa a Igreja crente se desviar da verdade e a ajuda a se renovar constantemente na expressão da fé, no testemunho e na comunicação dos tesouros da fé às novas gerações, aos povos e culturas nos contextos sempre mutantes da história humana. Estejamos seguros de que também este momento, que nós vivemos na história da Igreja, está sendo misteriosa e sabiamente conduzido pelo Espírito Santo. Cabe- -nos estar atentos e “ouvir o que o Espírito diz à Igreja” (cf. Ap 2). A renovação da evangelização e, especificamente, da Catequese, faz parte dessa busca de docilidade Àquele que é o divino animador e guia da Igreja no cumprimento de sua missão na História.
A evangelização tem como fim último ajudar o homem a alcançar o objetivo final de sua existência: a superação do mal e da morte e a salvação eterna, que é participação nos bens de Deus, a começar pela misericórdia e o perdão, a felicidade plena na companhia de Deus e a vida eterna. Em Jesus Cristo, Deus se fez homem para que todo ser humano se torne aquilo que Deus quis para ele, quando o chamou à existência (cf. nº 30). Desde agora, pela fé, já podemos experimentar isso, embora ainda de maneira muito inicial e incompleta. Somos animados, porém, pela esperança da participação na plenitude da salvação.
A Catequese está a serviço da Revelação desse “mistério da vontade de Deus” a nosso respeito (cf. Ef 1,4-5). Na Criação, esse “desígnio salvador de Deus” já está presente, pois Deus não nos fez para a morte e para a frustração absoluta. Criação e redenção são inseparáveis. O desígnio salvador de Deus veio sendo revelado ao longo de todo o caminhar da humanidade e se manifestou de forma excelsa e definitiva em Jesus Cristo, Filho de Deus Salvador. E a Catequese faz parte desse processo de narrar, “de geração em geração”, as grandes obras do Senhor em nosso favor, e de ajudar cada pessoa a responder com fé a Deus que se lhe manifesta também hoje.