Dia Mundial dos Pobres e a caridade social

O Dia Mundial dos Pobres será comemorado em toda a Igreja no próximo dia 17 de novembro e o Papa Francisco enviou uma bela mensagem para a ocasião, com o tema: “A oração do pobre sai de sua boca e vai direto aos ouvidos de Deus” (cf. Sr 21,5). Além de chamar novamente a atenção para o crescente número de pobres e sobre as novas formas de pobreza no mundo, o Papa pede que os pobres sejam incluídos na oração da Igreja e recebam a devida assistência espiritual. Eles são nossos irmãos e também são filhos da Igreja.

Nesta ocasião, é preciso destacar a importância da atenção caridosa de todos para com os pobres e da sensibilidade diante de seus sofrimentos e angústias. Não nos é permitido, como cristãos, ficar indiferentes diante do sofrimento dos pobres. Isso vale para a caridade pessoal e para as obras de misericórdia, que devemos praticar todos os dias. A caridade pessoal tem uma infinidade de possibilidades, bastando ter o coração sensível e aberto diante dos enfermos, idosos, pessoas com deficiência ou em situação de risco e injustiça. São João Paulo II falava da necessidade de uma verdadeira “fantasia da caridade”. A prática da caridade deve fazer parte da iniciação à vida cristã de crianças, jovens e adultos.

Mas também desejo destacar a importância da caridade social, promovida por uma infinidade de iniciativas organizadas de caridade. São as obras sociais ligadas às paróquias, comunidades de Vida Consagrada, Movimentos, Associações de Fiéis, Pastorais e tantos grupos espontâneos, que atuam, sem fazer barulho, junto dos pobres, idosos, enfermos, pessoas em situação de rua e abandono, dependentes químicos ou prisioneiros. E são muitos os grupos de voluntários que, segundo preparo profissional ou por outra motivação, oferecem suas capacidades e parte de seu tempo para ajudar o próximo. Quantas belas iniciativas da “caridade social” existem em nossa cidade e na Arquidiocese de São Paulo! Deus seja louvado!

Agradeço a todos pelo bem que realizam, somando seus esforços aos de muitas outras instituições e organizações da sociedade civil para promover o amor ao próximo, a justiça e a solidariedade. Deus saberá recompensar a todos, como Jesus prometeu: “Todas as vezes que fizestes isso a um desses pequeninos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (cf. Mt 25,40). Ao mesmo tempo, encorajo a todos a continuarem com generosidade a prática da caridade pessoal e organizada todos os dias, procurando envolver outras pessoas nessas ações. Os pais não deixem de envolver seus filhos pequenos e adolescentes nas ações de caridade, pois isso é uma dimensão importante da educação.

Permito-me dizer uma palavra também às pessoas, sobretudo aos cristãos, que desempenham cargos e serviços públicos de qualquer natureza: na política, no serviço à justiça, na educação, nas áreas da saúde, da segurança, da economia e em tantas outras dimensões do serviço público: também esses são espaços para viver a caridade para com o próximo. O desempenho consciencioso, honesto e dedicado do serviço público e profissional é ocasião para viver diversas formas de caridade. Já se disse que a política pode ser uma alta forma de viver a caridade, pois ela é, pela sua natureza, serviço ao bem comum. O mesmo pode ser dito do desempenho das outras formas de serviço público e profissional: o serviço à justiça, à segurança, à educação e o exercício da medicina, da comunicação e das diversas profissões também podem ser ocasião para viver a caridade de maneira muito concreta.

Em nossa Arquidiocese, temos o Vicariato Episcopal da Caridade Social, com a missão de incentivar, organizar, acompanhar e dinamizar as iniciativas de caridade social ligadas à Igreja em São Paulo. A caridade organizada tem a vantagem de ser mais eficaz em suas iniciativas e ações; ao mesmo tempo, ela desempenha um papel pedagógico, organizando, orientando, incentivando e divulgando ações, formando pessoas para o desempenho das iniciativas e agregando pessoas a se unirem às iniciativas. A caridade, fruto da fé cristã, é expressão e testemunho da vida nova do Reino de Deus, “já presente entre nós” (cf. Lc 17,21).

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