A pandemia de COVID-19, felizmente, dá sinais de derrota entre nós, graças ao alto índice de pessoas já vacinadas e ao aprendizado feito durante esse tempo de angústia e sofrimento. Aprendemos a cuidar mais da saúde, a tomar as precauções básicas necessárias para evitar o contágio, como fugir das aglomerações, usar máscaras, higienizar as mãos com álcool em gel ou água e sabão. A medicina avançou muito e sabe, hoje, como lidar com os casos, muito melhor que no início desse flagelo. Mantendo-nos alertas ainda, certamente caminhamos para a superação da pandemia em breve. Mas não devem ser esquecidas logo as lições que aprendemos durante esse tempo difícil para todos.
Enquanto isso, vai entrando outubro, o Mês das Missões na Igreja Católica. No mundo inteiro, as comunidades católicas são chamadas a renovarem a consciência de serem parte de um povo missionário, presente no meio dos povos para anunciar e testemunhar Jesus Cristo e o Evangelho do Reino de Deus. Somos “discípulos missionários de Jesus Cristo”, Igreja “em saída missionária”, sempre “em estado de missão”. Nunca estará encerrada a missão que Jesus confiou à Igreja. Ela se renova a cada geração, em cada circunstância nova, em relação aos novos desafios que a cultura e a história trazem para os discípulos de Jesus Cristo.
São muitas as missões que temos neste tempo de superação da pandemia de COVID-19. Antes de mais nada, continua o desafio de acolher e socorrer os desalentados: os muitos doentes, afetados no corpo e na alma, os pobres e tantos que perderam a sua segurança social e econômica mínima, os desanimados e desesperançados por causa da dureza da vida. É tempo de intensa prática das obras de misericórdia, em todos os sentidos. E não é o caso de esquecer o empenho social e político de todos os que podem fazê-lo, para promover políticas públicas, a fim de assegurar, de maneira justa e solidária, a recuperação de condições de vida dignas para todos os que delas precisam com urgência.
Nas nossas paróquias e comunidades, quanta missão a enfrentar! É tempo de retomar uma participação mais plena na vida da Igreja, por meio da frequentação da missa dominical, dos sacramentos e das iniciativas pastorais. Ainda temos muitas pessoas com medo de sair de casa. Elas precisam ser visitadas e ajudadas a dar os passos que já são possíveis. Outros paroquianos, talvez, acreditam que, daqui por diante, a participação na vida da Igreja e a prática da fé cristã serão inteiramente virtuais e que bastará assistir à missa e receber as palavras da Igreja mediante os meios de comunicação e das diversas mídias sociais. Em diversas ocasiões, o Papa Francisco já lembrou que não é assim.
Muito nos ajudaram as mídias e os meios de comunicação, durante esse tempo de “distanciamento”; graças ao bom uso deles, muitas pessoas se mantiveram em sintonia com a Igreja e a prática da fé. Mas foi um tempo de exceção, durante o qual se fez o que foi possível fazer, mas não foi o ideal. Nossa fé e a proposta de vida cristã não se reduzem a pensamentos e ideias, a circularem pelas ondas da mídia. A dimensão presencial, e mesmo física, é essencial para a expressão sacramental da fé e para o testemunho da vida cristã, que é muito mais que convicção e ideia. Por isso, a participação na vida da Igreja mediante a referência a comunidades concretas de fé e vida cristã é insubstituível. Temos aí uma grande missão a enfrentar neste tempo pós-pandemia.
E as atividades pastorais, os encontros formativos, as iniciativas solidárias e de caridade concreta, tão importantes para a vida e a missão da Igreja, precisam igualmente ser retomadas. Tudo isso requer um verdadeiro mutirão missionário para a retomada da vida da Igreja. E todos são chamados a participar dessa missão.
A Catequese merece uma atenção missionária especial. Pelas razões conhecidas, ela ficou praticamente desarticulada durante a crise sanitária de COVID-19. Agora, é tempo de retomar, começando pela formação dos catequistas, a preparação de locais adequados, a busca dos catequizandos que foram e não voltaram mais. E, nesse caso, todos podem ser missionários, lembrando, orientando, incentivando crianças e adolescentes e suas famílias a retomarem a Catequese sistemática nas paróquias e comunidades. Deveríamos todos ter essa preocupação: que nenhuma criança ou adolescente de família católica fique sem a Catequese. E que seja uma boa Catequese!