Acabamos de comemorar na Liturgia a solenidade do martírio de São Pedro e São Paulo, os dois grandes apóstolos que marcaram os inícios da Igreja de Cristo. Pedro foi constituído por Jesus como chefe dos apóstolos e recebeu o encargo de manter a Igreja na mesma fé e na verdade do Evangelho, na mesma esperança sobrenatural que vem das promessas de Jesus e unida na caridade, conforme recomendação de Jesus.
Paulo, convertido ao Evangelho após a ressurreição de Jesus e fascinado por Ele, tornou-se o grande missionário, que alargou os horizontes da pregação do Evangelho para o meio dos povos pagãos, atraindo-os para Cristo. Por seu entusiasmo pelo Evangelho e seu amor a Cristo, Paulo marcou fortemente a vida da Igreja nos seus inícios. Ele representa a Igreja missionária, que vai ao encontro dos povos, culturas e religiões diversas, dialoga com eles e os atrai a Cristo.
Pedro e Paulo são lembrados na Igreja de Roma, onde deram seu testemunho de sangue por Cristo e onde seus túmulos são venerados ainda hoje por multidões de peregrinos, que, junto deles, renovam sua fé e seu amor a Cristo. A Igreja é comunhão e missão. Ambas essas dimensões são necessárias para a sua fidelidade a Cristo e ao Evangelho. Na comunhão, ela encontra a sua identidade e sua força dinâmica. Na missão, ela encontra a sua razão de ser e se revitaliza constantemente. Sem a missão, a Igreja fecha-se em si mesma, envelhece e deixa de produzir frutos; sem a comunhão, ela se dilui, perde a sua identidade e a força do seu testemunho em favor de Cristo e do Evangelho.
Ambas essas dimensões da Igreja estão presentes na missão do Papa, Sucessor do Apóstolo Pedro, primeiro Bispo de Roma. Ao Papa, com os Bispos em comunhão com ele, cabe manter a Igreja unida na mesma fé, esperança e caridade, confirmando os irmãos na verdade do Evangelho e na autenticidade da vida cristã. Cabe-lhe também animar constantemente a Igreja no cumprimento da missão recebida de Cristo. O Papa aponta para os imensos desafios missionários de cada época, chama, orienta e envia missionários, desperta a Igreja para novos discernimentos sobre os seus desafios missionários. O Papa tem a missão de Pedro e de Paulo.
Na comemoração de São Pedro e São Paulo, a Igreja rezou especialmente pelo Papa Francisco, conforme tradição que vem dos tempos apostólicos. De fato, quando Pedro estava preso e Herodes queria apresentá-lo ao povo, não para ser aclamado e acolhido, mas para ser condenado a morrer, Deus enviou seu anjo para libertar Pedro da prisão e das mãos de Herodes. Enquanto isso, “a Igreja rezava continuamente a Deus por ele” (At 12,5). Ainda hoje, a Igreja reza pelo Papa em cada celebração eucarística, para que Deus o conserve com saúde e sabedoria e o livre da mão dos inimigos.
Além de rezar, todo católico deve também ouvir o Papa e acolher com respeito e sincera fé seus ensinamentos, mantendo-se em comunhão com ele. Isso não depende de simpatia ou qualquer outro sentimento humano, mas decorre da nossa fé cristã. Reconhecemos e acolhemos com fé e sincero coração que o Papa recebeu de Jesus Cristo um chamado especial para zelar pela Igreja inteira e que ele conta com a especial assistência do Espírito Santo. É questão de fé e não cabe dúvida no ensinamento da Igreja: Pedro e seus sucessores, legitimamente constituídos na sua missão, recebem um carisma especial do Espírito Santo para o desempenho de sua grande e difícil missão.
A união com o Papa é fator identificador da unidade e da catolicidade da Igreja de Cristo. É contraditório e falso quando alguém recusa sua união com o Papa e continua a se considerar católico. O Papa Francisco chama continuamente a Igreja a se manter unida na verdade do Evangelho e a tomar parte de uma “Igreja em saída missionária”. Com certa frequência, ainda há quem afirme que a Igreja atual tem dois Papas: Bento e Francisco. Não é verdade. Bento, homem sábio e de uma grandeza imensa, não é mais Papa, uma vez que renunciou ao Pontificado. O Papa, agora, é Francisco e somente ele. Com ele devemos estar unidos e por ele devemos rezar continuamente, como ele mesmo pede: “Não se esqueçam de rezar por mim!”.
Diz Dom Odilo: “ A união com o Papa é fator identificador da unidade e da catolicidade da Igreja de Cristo”. Tenho dúvidas sobre esta afirmação. E se estivermos diante de um Bonifácio VIII? Dante que o diga!