Quando confessar?

Cristo, nossa paz (cf. Ef 2,14a), reconciliou os homens com Deus mediante a sua cruz (cf. Rm 5,10) e confiou o ministério da reconciliação à Igreja, na pessoa dos apóstolos. Eles, por sua vez, transmitiram o mandato recebido de Cristo aos seus sucessores, pela imposição das mãos, de maneira que os gestos salvadores de Cristo permanecessem vivos e operantes na Igreja. Os ministros ordenados da Igreja, portanto, recebem hoje o ministério da reconciliação e do perdão dos pecados em favor dos seus irmãos.

Por isso, eles são chamados a se dedicar generosamente a esse serviço insubstituível ao povo de Deus nas comunidades, ao longo de todo o ano, oferecendo-lhe horários regulares e conhecidos para o atendimento das confissões. Mais intensamente, ainda, isso deve ser feito durante os tempos litúrgicos fortes do Advento e da Quaresma. A busca do perdão e da reconciliação com Deus e com os irmãos faz parte do caminho quaresmal de preparação para a Páscoa.

Neste período do ano, é de grande proveito retomar o Catecismo da Igreja Católica para reler e estudar alguma questão relevante da nossa fé, da moral, da liturgia e da prática da vida cristã. O Catecismo trata de maneira didática do sacramento da Confissão nos parágrafos de 1420 a 1498. Já não destaca mais a “Confissão pascal”, ou a obrigação de “confessar ao menos uma vez por ano”, como em outros tempos, pois a Confissão deve fazer parte da regularidade da vida cristã e a ela se deve recorrer a qualquer momento, quando acontece de ter cometido algum pecado mais grave. A Confissão regular e frequente é muito recomendada para o crescimento na virtude e na graça de Deus.

No Ritual da Penitência, do Rito Romano, a Igreja prevê três formas de celebração do sacramento do Perdão. A forma ordinária, que consiste na confissão individual com absolvição também individual; uma segunda forma é a celebração conjunta para a reconciliação de vários penitentes. Neste caso, faz-se a preparação e orientação dos penitentes antes da confissão e absolvição individuais.

Uma terceira forma é a reconciliação de vários penitentes com absolvição coletiva. Após fazer a preparação e orientação conjunta dos penitentes, o sacerdote concede a eles a absolvição coletiva, seguida da ação de graças comunitária. Esta forma é extraordinária e deve ser autorizada a cada vez pelo bispo diocesano, a quem compete, antes da autorização, o discernimento sobre as circunstâncias e a real necessidade do recurso a essa forma de reconciliação dos pecadores com Deus.

A absolvição “geral” dos penitentes, sem confissão individual, nunca é autorizada de maneira genérica e para situações indeterminadas, mas para casos e necessidades específicas, estabelecidas pelo Magistério da Igreja. Os fiéis que participam da “absolvição coletiva” dos pecados devem procurar a confissão com absolvição individual tão logo isso lhes seja possível e antes de uma próxima absolvição coletiva.

Para ser proveitosa, a Confissão sempre requer uma boa preparação, com oração, leitura da Palavra de Deus e exame de consciência. Condições requeridas para receber o perdão de Deus são: fé no perdão de Deus, dado por meio da Igreja; consciência dos próprios pecados; arrependimento humilde e propósito de romper com o pecado; confissão sincera e integral, ao menos dos pecados graves. Naturalmente, seguem a ação de graças e o cumprimento da penitência recomendada pelo confessor.

Durante a Quaresma, a Igreja recomenda aos fiéis a prática mais intensa da oração, penitência e caridade. O caminho de preparação para a Páscoa também deve levar, normalmente, a uma sincera revisão de vida e à conversão pessoal e comunitária, o que inclui a busca do sacramento do Perdão. A pandemia de COVID-19 não deve ser um impedimento absoluto para essa preparação eficaz para celebrar a Páscoa de Cristo e nossa Páscoa com Ele.

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