Provavelmente, você se lembra do seu primeiro catequista, pois ele marcou a sua vida. Nem precisa dizer quem foi, mas tenho a certeza de que você guarda a lembrança do testemunho de fé dele, ou dela, pois falava de Deus e das coisas da fé como quem faz a experiência daquilo que diz. E ele não ensinava apenas de maneira intelectual, como quem passa a matéria para os alunos aprenderem.
Talvez você até se recorde mais das atitudes de fé e prática da vida cristã do que dos ensinamentos que esse catequista lhe apresentava. De fato, o catequista é uma testemunha e ensina mais pelo exemplo de sua vida do que pelas palavras. Ele é um “guardião da memória de Deus” (Diretório Universal para a Catequese [202], 113) e fala como quem é membro feliz de um povo que narra as histórias de sua fé, as grandes obras de Deus em favor dos homens e suas misericórdias, que são infinitas.
O catequista é um mestre, que aprendeu do Mestre Jesus as coisas bonitas que transmite. Tem a consciência de que ele mesmo também continua a ser discípulo e aprendiz na escola do Divino Mestre. É pedagogo, que convida a encontrar Jesus, mostra o caminho, explica, vai à frente e, se preciso for, toma pela mão para amparar os passos ainda incertos daqueles que vão sendo iniciados nos mistérios da fé. Diz a Igreja que o catequista é um mistagogo, que introduz as pessoas nos mistérios de Deus, revelados por Jesus Cristo e vividos pela Igreja, da qual ele também faz parte, enquanto ajuda seus catequizandos a se sentirem parte dela.
Jesus era um exímio mistagogo, mergulhado nos mistérios de Deus, com os pés bem plantados na experiência de fé do seu povo, que falava e ensinava com naturalidade e encontrava a forma mais adequada para falar do Reino de Deus ao povo, que gostava de ouvi-lo e se sentia arrebatado por seu ensinamento. O apóstolo Filipe foi o catequista de Natanael, ao lhe falar com entusiasmo sobre Jesus. Natanael, a princípio, não se animou muito com as palavras de Filipe, que não se deu por vencido e convidou: “Vem e vê!” E o levou ao encontro de Jesus (cf. Jo 1,43ss). Daí por diante, Natanael transformou-se no apóstolo Bartolomeu, vigorosa testemunha de Jesus e do seu Evangelho.
O catequista não precisa saber tudo, mas, como pedagogo da fé, deve levar os seus ao encontro de Jesus, para fazerem a experiência pessoal do encontro com Deus. Da mesma forma, deve ajudar os seus a iniciar um caminho de fé na comunidade da Igreja, a comunidade de Jesus. Assim, os catequizandos farão um caminho de constante aprofundamento na fé e na vida cristã. A Catequese que não levasse a fazer a experiência da participação na vida da Igreja, de múltiplas formas, seria falha e insuficiente. Seria como um campo semeado que, depois, não se cultiva mais e do qual dificilmente se poderia esperar algum fruto.
Diz também o novo Diretório para a Catequese que o catequista é “um acompanhador e educador daqueles que lhe foram confiados pela Igreja” (113). Gosto desta ideia: “daqueles que lhe foram confiados pela Igreja”. O catequista exerce uma missão eclesial, recebida da Igreja. Não fala simplesmente em nome próprio, mas em nome da Igreja, fala da fé da Igreja, para acompanhar outros irmãos a se introduzir melhor e mais profundamente nos mistérios da fé e da vida da Igreja. Por isso, ele acompanha os irmãos com muito amor e dedicação, sentindo-se também pai e mãe espiritual daqueles que ajuda e educa na fé. Aqueles que são acompanhados com muito amor, desde o início, não podem mais ser largados e deixados sós; e o catequista poderá ser sempre aquela pessoa a quem se pode voltar e recorrer nos momentos mais difíceis da vida, sobretudo nas dificuldades do caminho da fé.
E quem são esses catequistas, cujo papel é tão importante na Igreja? A própria Igreja é o catequista por excelência, e a Catequese é uma ação eclesial de primeira grandeza e necessidade. Aqueles que a representam devem ser esses principais catequistas: o Papa, o bispo, o padre. Mas são catequistas também os pais, que têm um papel essencial na primeira catequese dos filhos. E são os catequistas das paróquias, comunidades e outras organizações eclesiais, que se dedicam com amor a essa missão. Você se lembra dos catequistas que marcaram o caminho de sua fé e vida cristã? Não se esqueça de agradecer a Deus por eles.