Na sua recente mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, celebrado no domingo, 25, o Papa Francisco propôs a reflexão sobre São José e as vocações. Antes de tudo, o próprio São José foi um “vocacionado”, tendo sido chamado por Deus de maneira surpreendente para uma grande missão. Como o Carpinteiro de Nazaré respondeu à sua vocação?
Não se deve imaginar São José como um sonhador, que corria atrás de um ideal de autorrealização proposto por certo modismo cultural do momento ou para ser famoso. Não se deve confundir a vocação com certo desejo movido por vaidade ou ambição. José era um homem simples e justo e vivia do seu trabalho cotidiano. Queria casar, formar família e gostava de uma jovem de Nazaré, chamada Maria.
Era um homem afinado com Deus, atento aos seus desígnios, e isso fez toda a diferença em sua vida. De fato, o Altíssimo olhou para ele e entrou em sua vida de maneira surpreendente. Quatro sonhos foram para José como quatro ordens divinas, que mostraram a vocação que deu sentido à sua vida (cf. Mt 1,20; 2,13.19.22): o sonho do casamento com Maria, da fuga para o Egito, da volta do Egito para a Judeia e o sonho da mudança de residência de Belém para Nazaré.
Naturalmente, tratava-se mais que de sonhos comuns. Eram verdadeiras manifestações da vontade divina, e José acolheu os caminhos que Deus lhe indicava com prontidão e obediência. Não se meteu a discutir e a fazer seus cálculos: se isso seria conveniente e teria vantagens para ele, se isso lhe ficava cômodo ou significava renunciar aos seus projetos pessoais. José abraçou o sonho de Deus a seu respeito e se colocou prontamente na vontade de Deus, fazendo o que lhe era indicado. Na dinâmica da vocação, muitas vezes, coloca-se demasiada ênfase no aspecto da realização pessoal e, então, perde-se o olhar sobre a vida a partir da fé e da confiança em Deus, e a pessoa começa a ficar hesitante e insegura, porque quer contar apenas com as próprias forças e a lógica humana.
O Papa Francisco propõe São José como o exemplo de vocacionado, que acolhe o chamado e responde com atitudes certas à vocação. Em sua fé simples, mas profunda, tem o “ouvido interior” bem atento à voz divina que lhe fala nas circunstâncias da vida. Acolhendo o sonho de Deus a seu respeito, abre- -se às surpresas de Deus. Não pretende ter antecipadamente o planejamento certinho de tudo o que a vida lhe pode trazer. Permite que Deus lhe indique. E assim, em sua vida, José deixou-se conduzir por “aventuras divinas”, que nunca teria imaginado, caso se tivesse aferrado a um cálculo fechado e mesquinho. A vocação requer entrega a Deus, permitindo que Ele marque o rumo da vida do vocacionado.
A resposta de José à sua vocação foi marcada pela disponibilidade para o serviço. Sua vida foi para servir a Maria e a Jesus e, sem o imaginar, ele estava servindo a toda a humanidade. Esquecido de si mesmo e sem medir esforços, José fez a cada momento o que devia fazer, sustentado pela sua grande fé e retidão interior e por um amor sem reservas a Deus e ao próximo. E José continua a servir a família de Jesus, com tantos irmãos pelo mundo todo, como Patrono e intercessor pela Igreja inteira. Deus faz grandes coisas por meio de quem se coloca ao seu serviço!
José confiou no Deus dos Patriarcas e Profetas, que mostrou sua misericordiosa fidelidade de geração em geração, tantas vezes, antes dele. Fiel a Deus, ele também confiou, sem medo, como o anjo lhe pediu, e amadureceu na sua vocação ao longo de toda a vida, crescendo na serenidade e na alegria. A resposta ao chamado de Deus não tira a liberdade nem oprime ninguém, mas Ele liberta a pessoa do fechamento egocêntrico e orienta a vida para horizontes amplos e promissores. São José, Padroeiro dos Vocacionados, lembre-nos sempre de que a vocação é para participar de uma missão que vem de Deus, que conforta e ampara aqueles que respondem generosamente ao chamado.