Chamados à santidade

O chamado à santidade é reafirmado pelo Concílio Vaticano II, quando diz: “Na Igreja todos […] são chamados à santidade, segundo as palavras do Apóstolo: ‘Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação’ (1Ts 4,3; Ef 1,4)” (cf. Lumen gentium, LG, 39). Esta é a vocação fundamental, que brota do sacramento do Batismo, para viver a plenitude da vida cristã e a perfeição da caridade. É um apelo que o Senhor faz a cada um: “Pois está escrito: sereis santos porque eu sou santo” (Lv 11,45; 1Pd 1,16). De fato, “todos os cristãos de qualquer condição ou estado são chamados pelo Senhor, cada um por seu caminho, à perfeição da santidade pela qual é perfeito o próprio Pai” (cf. LG, 11).

A santidade de Deus (cf. Mt 6,9) se revela na santidade de Jesus Cristo, o Filho, o rosto do Pai, plenamente santo (cf. Jo 6,69), que assume todos os sinais da santidade divina: é o sacerdote, a vítima, o santuário, e santifica os fiéis com a oferta de si mesmo, a sua vida pela salvação de todos. A Igreja, comunidade da nova aliança, é convocada a proclamar as maravilhas de seu Deus e ser, assim, um povo santo e sacerdotal (cf. 1Pd 2,9). Recordamos que na Sagrada Escritura a santidade decorre da eleição divina, povo santo, assembleia dos associados à mesma santidade de Deus. Nesse sentido, a santidade é o resultado de um ato de santificação realizado por Deus em Cristo: “Aos que foram santificados no Cristo Jesus, chamados a serem santos” (cf. 1Cor 1,2). Para ser santo, é preciso fazer um caminho de santificação, pelo qual se faz de sua própria vida um culto agradável a Deus, e, consequentemente, de serviço aos irmãos: “Oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, este é vosso verdadeiro culto” (cf. Rm 12,1). Enfim, trata-se de viver, na Igreja, o próprio Batismo, na prática do amor e na alegre esperança, para sermos perfeitos como o Pai do céu é perfeito.

E hoje, como podemos viver um caminho de santidade? O Papa Francisco, na exortação apostólica sobre o chamado à santidade no mundo atual (Gaudete et exsultate, 14) nos diz: “Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És um consagrado ou consagrada? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando de teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência teu trabalho a serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais”. 

Que maravilha as palavras do Santo Padre: é o modo de nos santificar na vivência da própria vocação e missão, nas responsabilidades específicas, com alegria, na vida pessoal, familiar e social. 

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