O ano em curso, prestes a findar, será sempre lembrado pela pandemia decorrente de mais um vírus da linhagem denominada corona, com suas dores e novos aprendizados. Muitas foram as reflexões e análises do significado deste tempo, o que só se esclarecerá efetivamente com um certo distanciamento deste período.
De certo mesmo é a desarticulação de várias áreas da sociedade e da vida cotidiana das pessoas, fato responsável pela reintrodução de uma certa insegurança generalizada por um fator inesperado pela cultura, confiante nos aparatos tecnológicos e de proteção que havia desenvolvido. Eis um golpe inesperado.
Diante disso, longe de desprezar o que a engenhosidade humana constrói para assegurar a vida, é oportuno lembrar que a ‘nossa proteção está no nome do Senhor, que fez o céu e a terra’. A oração contida nos salmos são pródigas em canalizar com humildade as necessidades de toda ordem da terra aos céus, pois o orante sabe que pode confiar Naquele que tudo chamou à vida. Com esta mesma fé, Israel passou a esperar com ânsia um salvador para os seus grandes males.
No Natal, Deus responde a todos os anseios e clamores que chegam aos céus, resultantes do sofrer humano neste mundo, especialmente dos mais desprovidos de meios, bem como da própria criação, a qual também geme como em dores de parto (Rm 8,22). A encarnação do Filho de Deus, testemunha de modo concreto a solidariedade de um Pai amoroso com a caminhada dos seus filhos e filhas.
Deus em seu amor misericordioso vem repropor a justiça do Reino para salvar o fruto de sua criação dos males e da morte, hoje simbolizados especialmente pela COVID-19, que para além da desarticulação socioeconômica, continua a ceifar inúmeras vidas preciosas.
Diante do Menino Deus ofertado pelas mãos de Maria, renovemo-nos no dom da fé Naquele que nos ilumina em meio a sobras; na esperança que fortalece para a construção de um futuro mais propício à vida; e na caridade, para um viver responsável e cooperativo perante os irmãos e as irmãs.
Feliz Natal a todos!