Estamos no Mês das Missões, que tem como tema “Ide, convidai a todos para o banquete” (Mt 22,9) – “Com a força do Espírito, testemunhas de Cristo”. Contudo, a missão é a razão de ser da Igreja e, portanto, o mês de outubro deve servir de motivação para vivermos o empenho missionário ao longo de todo o ano, sem cessar.
Cristo nos chama para sermos os arautos da Nova Aliança que o Pai fez com a humanidade por meio de sua oferta na cruz (DAp 143-144). O mandato é claro: anunciar o Evangelho a toda criatura, fazer discípulos a todas as nações (Mt 28,19; Lc 24,46-48). O ser missionário é consequência da alegria de pertencermos a Cristo e a Ele estarmos configurados. Mais que transmissão de conteúdos, trata-se de compartilhar uma experiência viva do encontro com Cristo, pessoa a pessoa, comunidade a comunidade, até chegar, por meio da Igreja, aos confins da terra (At 1,8).
O Documento de Aparecida lembra (DAp 146) as palavras do Papa Bento XVI que afirma ser o discipulado e a missão duas faces da mesma moeda: uma não se concebe separada da outra. Assim como Jesus saiu ao encontro das pessoas, seus discípulos missionários vão ao encontro dos demais para manifestar-lhes o amor e a misericórdia do Pai, especialmente aos pobres e pecadores.
Certa vez, Dom Benedito Beni, em uma semana pastoral em que participei, disse que estávamos muito acostumados a pensar o missionário como aquele que chega, e que agora é hora de pensar o missionário como aquele que parte, que vai ao encontro (DAp 147).
O discípulo segue o mestre, aprende com Ele, se identifica com Ele, e, depois, partilha esta experiência com os demais: eis a missão! O conteúdo do anúncio não muda ao longo do tempo: Jesus Cristo! O Seu mistério Pascal ou, em outras palavras, o Kerigma.
O discípulo, assumindo sua missão e testemunhando Cristo, caminha para a santidade, tanto porque deve expressar com a vida aquilo que prega quanto pelo fato de que, amando Cristo, quer ser como Ele no seu viver (DAp 148).
O anúncio do Evangelho deve ser acompanhado pelo testemunho da comunhão fraterna, pois isto é uma das garantias da eficácia da missão, é o que atrai para Cristo as pessoas (DAp 159; 132): a Igreja é comunidade de amor e os discípulos missionários devem empenhar-se para serem dóceis ao Espírito que faz a comunhão. A missão se realiza de modo sinodal, pois os discípulos(as) missionários(as) caminham juntos, em fraternidade e comunhão. Evite-se, portanto, toda rivalidade, rixas, dissensões, invejas, ciúmes, tudo o que desune. O empenho por uma vida comunitária baseada no amor de Cristo é também empenho para o sucesso da missão, por isso São João Paulo II lembrava que a Igreja deve ser “casa e escola da comunhão” (cf. Carta Apostólica Novo Millenio Ineunte), o que o Documento de Aparecida relembra ao n.170.
Algo importante que não pode ser esquecido: o Espírito Santo é o grande protagonista da missão, é Ele quem vai à frente e prepara o terreno, predispõe os corações e depois sustenta na perseverança. Os números 149-153 do Documento de Aparecida mostram a ação do Espírito na missão da Igreja: o mesmo Espírito que agia em Jesus está agora em ação na Igreja e em cada um de seus membros, somos impulsionados pelo Espírito, Ele nos conduz à plena verdade e recorda-nos as palavras de Cristo. O Espírito é também aquele que age nos sacramentos da Igreja para que estes nos vivifiquem, transmitam a graça e iluminem. O discípulo de Jesus caminha na força do Espírito e com Ele mantém um relacionamento de intimidade e entrega. Madre Teresa de Calcutá dizia ser um lápis nas mãos de Deus para que Ele escrevesse o que quisesse por meio dela. Assim também nós: um lápis movido pelo Espírito para que Deus escreva o Evangelho de Cristo no coração e na história dos homens e das mulheres deste tempo.