Na tarde do Domingo da Ressurreição, Tomé era o único dos apóstolos ausente quando Cristo apareceu pela primeira vez no cenáculo. Os discípulos disseram-lhe que tinham visto o Senhor, mas ele não quis acreditar: “Se eu não vir o sinal dos cravos nas suas mãos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e não meter a mão no seu lado, não acreditarei” (Jo 20,25). Ele recusou o testemunho de seus irmãos e exigiu uma evidência direta. O seu erro e a sua infelicidade consistiram em confiar apenas na própria experiência, em não se reunir com mais assiduidade com os outros, em não explicar as suas dúvidas, em querer resolver as coisas sozinho, em não dar crédito ao testemunho dos outros, em pretender atingir a solução do seu problema pessoal contando com suas forças, fazendo suas conjecturas. Tomé quis convencer-se por si mesmo; e o Senhor deixou-o entregue à sua incapacidade de chegar por si próprio à luz. Supomos que os outros haviam invocado as passagens da Escritura que Cristo citara aos dois de Emaús… Aqueles dias de pesquisas solitárias não o levaram senão a trevas mais espessas.
No momento em que Tomé renuncia à sua teimosia e volta a se reunir com os outros apóstolos, Jesus lhes aparece novamente nas mesmas condições da semana anterior. Veio Jesus, com as portas fechadas, saudou os apóstolos dizendo: “A paz esteja convosco”, e imediatamente se voltou a Tomé: “Introduz aqui o teu dedo e vê as minhas mãos, aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas fiel”. E, então, Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!”. Tomé faz um grande ato de fé, uma confissão da Ressurreição de Cristo. E o Senhor disse a Tomé: “Porque me viste, acreditaste. Felizes os que não me viram e creram”.
Realmente, não era fácil acreditar que pudesse estar novamente vivo Aquele cujo cadáver três dias antes fora depositado no sepulcro. Ainda que Cristo tivesse anunciado a sua Morte e predito a sua Ressurreição, a experiência da Paixão foi de tal modo violenta, que todos sentiram a necessidade de um encontro direto com Ele, para acreditar na Ressurreição. Muitas pessoas também passam pela tentação de Tomé e fazem as perguntas fundamentais: Será verdade que Deus existe? Será verdade que o mundo foi criado por Ele? Será verdade que o Filho de Deus se fez homem, morreu e ressuscitou?
Nesta Páscoa, queremos reavivar a nossa fé: confiar plenamente em que Jesus nos garante a vitória e nos dá uma esperança renovada. “Cristo vive. Esta é a grande verdade que enche de conteúdo a nossa fé. Jesus, que morreu na Cruz, ressuscitou, triunfou da morte, do poder das trevas, da dor e da angústia” (São Josemaria, em É Cristo que passa, 102). Agora tudo passou: Cristo nos redimiu. Já somos filhos de Deus. Jesus nos resgatou. O Céu foi aberto, conquistado por Jesus, pela sua Paixão e Morte na Cruz. Os nossos pecados foram redimidos pelo seu Sangue. Jesus continua sempre vivo, intercedendo por nós e nos prepara um lugar junto Dele no Céu. Vamos renovar a nossa fé: Senhor eu creio, mas aumenta a minha fé! Tenhamos a alegria e a paz que Cristo nos trouxe com a sua Ressurreição e nos esforcemos para estar perto Dele na oração, nos sacramentos, especialmente na Confissão, que nos purifica, e na Eucaristia, alimento das nossas almas.