Felizes…

Ao celebrarmos o 6º Domingo do Tempo Comum, somos convidados a refletir sobre a ação salvadora de Deus em nossas vidas. As leituras nos exortam a não nos afastarmos dos caminhos de Deus. De maneira particular, o profeta Jeremias alerta-nos para o grande perigo de vivermos a autossuficiência (infidelidade) e o distanciamento da presença de Deus. Viver às margens das suas propostas de salvação é se empenhar em uma cultura de morte. Estes versículos conclamam o povo de Israel a viver da esperança e da confiança no Senhor. Como profeta da aliança, Jeremias denuncia que o afastamento dos governantes de Israel e do povo diante dos preceitos do Senhor pode levá-los ao risco de cair no mais profundo caos. Por outro lado, ele faz uma ressalva àqueles que confiam unicamente em Deus e colocam Nele a sua esperança, como uma árvore plantada à beira da água, a qual pode mergulhar as suas raízes bem fundas e encontrar solidez, segurança e vida em plenitude.

São Paulo, escrevendo para a comunidade de Corinto, chama a atenção para o propósito da vida humana, mas dentro de uma catequese voltada para a ressurreição. Nela, Paulo instrui a comunidade sobre a realidade da nossa própria ressurreição, enquanto consequência do crer na ressurreição de Jesus. Com isso, o Apóstolo procura responder o sentido da morte e da vida humana mediante a fé cristã. Talvez pelo pensamento grego de muitos de sua comunidade que ainda tinham dúvidas sobre as realidades corpóreas e espirituais é que Paulo responde com a certeza da ressurreição, que garante aos cristãos um projeto de salvação e de vida como uma concretização de sua fé.

No Evangelho, Lucas nos apresenta Jesus diante do primeiro anúncio, bem como com as atividades libertadoras. A partir dos pobres, as bem-aventuranças, narradas pelo Cristo, estão dentro de um contexto de libertação. Diferentemente de Mateus, que coloca Jesus na montanha discursando como Moisés, Lucas usa da proximidade, ele faz Jesus descer da montanha e seu discurso é dirigido aos pobres numa planície.

As quatro bem-aventuranças são referentes aos pobres, aos que têm fome, aos que choram, aos que são perseguidos. Lucas usa uma linguagem mais simples para que seus ouvintes possam compreender a missão libertadora de Jesus e  que os pobres são verdadeiramente bem- -aventurados, pois colocam sua confiança em Deus, que os liberta. Ele está ao lado do indigente e do sofredor, dos que vivem à margem de uma sociedade classista e exclusivista. Esta prioriza quem tem dinheiro e poder, e se exclui, assim, do Reino de Deus, feito para quem é pobre, e faz a experiência da pobreza cotidiana, mas que sente alegria em partilhar o pouco que tem, haja vista que confia na ação de Deus em sua vida. As bem-aventuranças narradas por Lucas são um consolo aos sofredores e um lembrete a nós Igreja do século XXI. Este é um projeto anunciado por Jesus na sinagoga de Nazaré, e que não perdeu sua validade, seu poder. Os desígnios de Deus, porém, exaltam os pobres e os desfavorecidos, em um Reino inaugurado por Jesus, que nos convida a sermos discípulos missionários de um mundo novo, um mundo de irmãos, no qual reinam fraternidade, justiça e paz.

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