Nestes dias festivos, como se repete a cada ano, somos movidos a celebrar o grande mistério da encarnação do Filho de Deus como nova luz que brilhou para nós, pois, gerado antes dos tempos, entrou na história para erguer o mundo decaído, restaurando a integridade do universo e se tornando um de nós, nos tornamos eternos. É o que nos ensina nossa Igreja na beleza dos prefácios das missas de Natal.
Os profetas já tinham dito que a vinda do Messias causaria mudanças extraordinárias: no campo, o povo transformaria suas espadas em arados e suas lanças em foices e não pegariam em armas uns contra os outros; teriam tendas para dar sombra contra o calor do dia, abrigo e refúgio contra a ventania e a chuva; na cidade, as portas seriam abertas para que entrasse um povo justo sendo derrubados os que humilhavam os pobres, fracassando os planos dos trapaceiros e malfeitores que armavam ciladas. “Nela nunca mais se ouvirá choro ou clamor. Aí não haverá mais crianças de peito que vivam alguns dias apenas, nem ancião que não chegue a completar seus dias, pois o jovem morrerá com cem anos. Construirão casas e nelas habitarão, plantarão vinhas e comerão seus frutos” (Is 65,20-21).
Andando pelas ruas da cidade, deparamo-nos com um ambiente bem mais iluminado. Existe até competição de qual iluminação é mais bonita. No entanto, logo depois do Natal, tudo deverá ser encaixotado e ajeitado em um canto onde não vai incomodar ninguém. Para boa parte dos que cuidaram da iluminação não passou disso e Jesus nem foi lembrado. Não creio que sejam reprovados, visto que Ele encontrou fé até em meio aos que eram considerados pagãos. Obrigado por deixarem nossa cidade mais clara e encantadora.
Em outros ambientes, além da claridade artificial, também montaram presépios, cada um mais belo que o outro. Passando os dias festivos, o menino Jesus e demais peças do presépio também serão encaixotados e guardados em um lugar bem seguro. Com estes Jesus também se alegrou, porque “o presépio faz parte do suave e exigente processo de educação da fé. A partir da infância e, depois, em cada idade da vida, educa-nos para contemplar Jesus, sentir o amor de Deus por nós, sentir e acreditar que Deus está conosco e nós estamos com ele” (Papa Francisco).
Por fim, encontramos muitos que, além de acenderem luz e montarem presépios, meditam a Palavra, rezam a novena, celebram a Eucaristia e renovam a fé e a esperança. São os que percebem que a grandiosidade deste acontecimento remete ao extraordinário dinamismo de construir o sonho profético cimentado nas palavras que saíram da boca e do testemunho daquele que encontramos enrolados em faixas numa manjedoura em Belém.
Que o Natal deste ano nos dê alegria de uma fé renovada e coragem para continuarmos firmes nas lutas diárias que constroem o Reino. Feliz Natal.