Jesus, quando falava, causava admiração à maioria das pessoas, pois usava uma linguagem simples e servia-se também de imagens, de exemplos tirados da vida diária. A linguagem simples atingia diretamente o coração dos ouvintes, bem diferente da linguagem usada pelos doutores da lei, de difícil compreensão e carregadas de rigidez.
O Papa Francisco nos adverte de que ao falar ao povo, ao fazer uma homilia, corremos o risco de falarmos ao vento. Tendo como referência o jeito pedagógico de Jesus, o Papa nos diz que ao pregar, devemos conhecer o coração de nossa comunidade e não fazer da homilia um espetáculo de divertimento. Ter o jeito de mãe que fala a seu filho, lembrando o contexto familiar em que reina o espírito de amor marcado por diálogos, nos quais se ensina e aprende, se corrige e valoriza o que é bom. Uma boa homilia deve ser simples, clara, direta e adaptada, contendo uma ideia, um sentimento e uma imagem com uma linguagem positiva. Não tem como apagar a imagem dos padres com “cheiro de ovelhas” e da Igreja como “hospital de campanha” (EG 137-159).
O profeta Isaías se apropria da bela imagem da chuva para ressaltar a força da Palavra de Deus que umedece a terra ressequida, transformando o deserto em jardim florido e roças imensas que alimentam o povo. É a força transformadora contida na Palavra que tudo modifica, até aquilo que parecia sem vida, sem esperança. O salmista diz que a transformação é tamanha que “tudo canta de alegria”.
Paulo, escrevendo aos Romanos, reproduz a imagem da mulher em dores de parto. É a criação inteira que, com dores de parto, anseia pelo nascimento de um mundo novo. Como a mulher, ao minimizar as dores do parto e ver seu filho nascer saudável, a Igreja é chamada a compartilhar as dores e esperanças, não se omitindo, sendo presença onde o povo está sofrendo, para que se realize a esperada nova criação, mesmo sendo fruto da vida doada e até martirizada.
No Evangelho, Jesus se refere à imagem do semeador que semeava sem escolher o terreno, pois todo tipo de terreno é merecedor de receber a boa semente. Era Ele o semeador que espalhava sua Palavra em qualquer parte em que sentia alguma esperança de que poderia germinar. Semeava gestos de bondade e misericórdia até nos ambientes mais suspeitos e hostis. Como um bom agricultor da Galileia, sabia que parte da semeadura se perderia naquelas terras desiguais.
O importante era a colheita final, mesmo enfrentando resistências e obstáculos. Coremos o risco de nos ocuparmos da colheita querendo ter êxitos, conquistar a rua, dominar a cidade, ter muitos seguidores nas redes sociais, encher as igrejas. A Igreja precisa de semeadores e não de colhedores.
Que a Palavra, como chuva, faça germinar no terreno de nossas vidas a boa semente que produz flores e frutos, embeleza o mundo e alimenta as pessoas, mesmo que tudo isso nos faça sentir em dores de parto, como consequência de uma vida comprometida com a luta na espera da nova criação.