O dia 13 de junho é dedicado à memória litúrgica de um dos grandes santos populares de toda a Igreja Católica e pertencentes à primeira geração dos Frades Menores: Antônio de Pádua ou, como é também chamado, de Lisboa, referindo-se à sua cidade natal. Antônio contribuiu de modo significativo para o desenvolvimento da espiritualidade franciscana, com os seus salientes dotes de inteligência, equilíbrio, zelo apostólico e fervor místico.
Entre os escritos que Santo Antônio, o “Doutor evangélico”, nos deixou como testamento espiritual, encontram-se os sermões sobre a oração, os quais estimulam o homem a dialogar docilmente com o Senhor, criando uma alegria inefável, que suavemente envolve a alma e oração. Neste ano em que a Igreja nos convida a vivência da oração, Santo Antônio nos ajuda neste itinerário de fé. Segundo o ensinamento deste insigne Doutor, para a oração é necessária uma atmosfera de silêncio que não é, somente, um desapego dos rumores externos, mas uma experiência que nasce da intimidade e que tem por finalidade afastar todas as distrações e preocupações causadas pela alma. Dessa forma, a oração deve ser, para Antônio, a articulação de alguns momentos da alma, a saber: abrir com confiança o coração a Deus; dialogar de maneira afetuosa com Ele, apresentar-lhe as nossas necessidades e, por fim, louvar e agradecer.
Deste ensinamento sobre a oração, podemos ter a certeza de uma das características específicas da teologia franciscana, da qual Antônio foi iniciador: a caridade. Escreve Antônio: “A caridade é a alma da fé, torna-a viva; sem o amor, a fé esmorece” (Sermomes Dominicales et Festivi II, Messaggero, Pádua 1979, p. 37). Por isso, uma alma que reza pode realizar progressos de vida espiritual; em outras palavras, o fruto de uma vida de oração é a caridade.
Outro aspecto da vida de Santo Antônio é o fato de ter sido um exímio pregador. A fama de grande pregador nasceu de forma muito singular: quando em setembro de 1222, por ocasião da ordenação sacerdotal de alguns frades, não se encontrara ninguém disposto a fazer a prédica, mandam que Frei Antônio anunciasse a Palavra de Deus aos frades ali reunidos, conforme o Espírito Santo lhe inspirasse. Frei Antônio, que até então havia sido um simples ajudante na cozinha e na horta do convento, obedeceu ao superior. Suas palavras, cheias de simplicidade e bom senso, tocaram a mente e o coração de todos os presentes. Os comentários elogiosos logo chegaram aos ouvidos do Ministro da Ordem, que o encarregou do ofício de pregador.
Nesta função de pregador, não tivera medo, tantas vezes, de chamar a atenção de autoridades civis e eclesiásticas quando se tratava de defender os pobres e os fracos. Em um dos seus sermões, comentando a passagem do livro do Gênesis (37,26-28), na qual José é vendido pelos seus próprios irmãos, faz a seguinte a firmação: “O verdadeiro José, Jesus Cristo, hoje é vendido por negociantes arcebispos e bispos e demais prelados da Igreja. Correm por aqui e acolá, compram, vendem e revendem a verdade com mentiras e oprimem a justiça com simonias”. Atitudes como esta fizeram com que o Santo cunhasse em um dos seus Sermões a seguinte frase: “A palavra é viva quando são as obras que falam” (dos Sermões de Santo Antônio de Pádua, presbítero (I.226) (Séc. XII)). Assim, convidara Antônio a cessar os discursos e falar as obras: “Estamos saturados de palavras, mas vazios de obras. Por esse motivo, o Senhor nos amaldiçoa, como amaldiçoou a figueira em que não encontra frutos, mas apenas folhas.” Isso sugere uma imagem de polemizador virulento e de implacável inimigo dos hereges.
Possa Santo Antônio, tão venerado e amado por nós, fazer com que a oração ocupe um lugar central na nossa vida de fé. Que ele interceda pela Igreja inteira e, sobretudo, por aqueles que se dedicam à pregação e à caridade. Que os pregadores, inspirando-se em seu exemplo, tenham a preocupação de unir a vida de oração à doutrina sólida e sadia, piedosa e sincera. Que, por intercessão de Santo Antônio, Deus nos conceda os ensinamentos da vida cristã e sintamos a vossa ajuda em todas as adversidades, de modo que possamos guardar o íntegro dom da fé e progredir no caminho da salvação.
