Virgens prudentes: o azeite da graça de Deus

Os textos da Liturgia dos últimos domingos do Tempo Comum nos recomendam as disposições interiores para estarmos preparados para o fim dos tempos. No Evangelho, Jesus chama a atenção para a vigilância. O reino dos céus é semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo e da esposa. Mas cinco delas eram néscias e cinco prudentes. Estas moças eram as damas de companhia que, segundo o costume dos judeus, aguardavam na casa da noiva a chegada do noivo. E o acompanhavam no cortejo até o local do casamento. Deviam levar umas lâmpadas que se mantinham acesas com óleo.

Aquelas damas de companhia estavam bem vestidas, arrumadas, mas não pensaram que o esposo poderia demorar. Cochilam e, quando se despertam, suas lâmpadas estão quase apagadas. O evangelista conta que as prudentes aproveitaram o tempo. Aprovisionaram-se discretamente do azeite necessário e estão preparadas para receber o noivo. E as outras não trouxeram um recipiente de reserva de óleo. Talvez tenham pensado em outros pormenores: o vestido, o sapato, o penteado, as unhas, os brincos, colares e pulseiras. Ensaiaram os cânticos várias vezes até conseguirem cantar em coro as canções tradicionais e as que eram da preferência dos noivos. Talvez tivessem prolongado a conversa e deixaram de fazer a necessária provisão do óleo. E, na hora decisiva, não estão preparadas. Decidem comprar o óleo quando é tarde demais: agem de maneira atabalhoada. Não adiantou para nada a pressa, o pedido do azeite das outras, a corrida para a venda: o esforço foi inútil. Ou seja, descuidam das coisas importantes: não souberam preparar-se para o momento oportuno.

Sabiam que o esposo poderia demorar. Em casamentos sempre há atrasos: até chegar todos os convidados, todas as pessoas que deveriam sair em procissão da casa do noivo para a casa da noiva. Não era desconhecido delas o ritual do casamento judaico. Mas depois de tanto trabalho, de tanto esforço para encontrar o dono da venda, de lutar para chegar à casa da noiva e correr muito, encontram a porta trancada: batem à porta clamando, mas ouvem a voz que lhes responde com dureza: Não vos conheço! Ficam de fora. Não são aceitas naquele que era o acontecimento que mais lhes interessava.

Assim acontece na vida: temos que pensar naquilo que é mais importante. Depois, devemos preparar-nos, trabalhar, lutar pelas coisas mais importantes. É uma exortação à vigilância: ter a luz da fé e o azeite da caridade. Santo Agostinho comenta: “Vigia com o coração, vigia com a fé, com a caridade, com as obras… prepara as lâmpadas, cuida para que não se apaguem… alimenta-as com o azeite interior de uma consciência reta… (Sermão 93). O azeite da parábola pode significar também o estado de graça: não ter consciência de haver cometido um pecado grave que não tenha sido confessado. O pecado grave é o grande fracasso: significa trocar a amizade de Deus pela escravidão ao egoísmo, à soberba, à sensualidade etc. Por isso, a Confissão é um dos maiores dons de Cristo à sua Igreja. Quem se confessa se sente aliviado. Recebe novas luzes. Sente a paz em seu coração, um desejo de recomeçar com novo ânimo, uma esperança e uma alegria que o mundo não pode dar. A recuperação da graça reacende na alma a confiança na misericórdia divina: que bom é Deus por me perdoar! Vamos procurar nos confessar para receber bem Jesus no Natal que se aproxima.

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