Eu lhes darei um coração novo… (cf. Ez 36,26) 

Neste mês de junho, voltamos nosso olhar ao Sagrado Coração de Jesus. Na contemplação orante de sua improvável imagem, somos levados a refletir sobre o amor misericordioso de Deus que foi derramado sobre a humanidade e sobre cada um de nós. Amor que nos impulsiona a viver e agir tendo os mesmos sentimentos do Coração de Jesus. Um Coração exposto e ferido como prova de entrega incondicional ao plano do Pai que a todos quer salvar. 

Vivemos os desafios de uma Igreja sinodal, isto é, em constante atitude de escuta e discernimento, convocados a participar ativa e efetivamente nos diversos níveis de decisão de sua estrutura. Buscamos comunhão e participação na missão, sendo uma Igreja mais aberta, inclusiva e engajada na sociedade. Isso exige de nós a conversão que nos transforma e renova. 

Conversão é exigência evangélica, fruto sinodal. Deve ser pessoal, uma renovação interior, mas também pastoral, em atitude de escuta, reflexão e discernimento que nos leva a uma maior união com Cristo, transformando-nos em discípulos missionários, peregrinos da esperança, com corações abertos e dispostos a servir. Não basta mudar de mentalidade como se a novidade dependesse apenas de uma decisão estratégica, um novo plano pastoral. Conversão é o caminho que nos leva ao Coração de Jesus. É um processo de renovação que busca transformar nossa vida, “…tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne” (Ez 36,26). O Coração humano de Jesus é o símbolo do amor infinito de Deus. É o Coração que bate com misericórdia e compaixão. 

O amor de Cristo é previdente, incondicional, gratuito e suscita em nós a resposta de amor por Ele e por aquilo que Ele ama. Seu jeito de amar nos impulsiona a cultivar uma intimidade sempre maior com Ele, escutando Sua palavra e tentando inserir, em nossa vida, os mesmos gestos de doação, entrega e generosidade. 

Dilexit nos’, a quarta encíclica do saudoso Papa Francisco, repercorre a tradição e a atualidade do pensamento “sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus Cristo”, convidando a renovar sua autêntica devoção para não esquecer a ternura da fé, a alegria de colocar-se a serviço e o fervor da missão: “Porque o Coração de Jesus nos impele a amar e nos envia aos irmãos”. 

Francisco explica que, ao encontrar o amor de Cristo, “tornamo-nos capazes de tecer laços fraternos, de reconhecer a dignidade de cada ser humano e de cuidar juntos da nossa Casa Comum”, como ele nos convida a fazer em suas encíclicas sociais Laudato si’ e Fratelli tutti. E diante do Coração de Cristo, pede mais uma vez ao Senhor “que tenha compaixão desta terra ferida” e derrame sobre ela “os tesouros da Sua luz e do Seu amor”, para que o mundo, “que sobrevive entre guerras, desequilíbrios socioeconômicos, consumismo e o uso anti-humano da tecnologia, recupere o que é mais importante e necessário: o coração”. 

Na solenidade litúrgica do Sagrado Coração de Jesus, no dia 27, somos conclamados a orar pela santificação do clero. Rezemos pelo Papa Leão XIV, neste início de seu ministério; por Dom Odilo Pedro Scherer, nosso Arcebispo; por seus bispos auxiliares, por todos os padres e diáconos, especialmente pelos que passam por graves dificuldades, para maior glória de Deus, para nosso bem e de toda a Sua Santa Igreja. 

Sagrado Coração de Jesus que tanto nos amais, fazei nosso coração semelhante ao Vosso! 

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