Recentemente, o Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro, fez uma apresentação sobre os esforços do Papa Francisco em prol da paz mundial, no evento on-line “A profecia pela paz”, promovido pelo movimento Comunhão e Libertação. Apresentamos a seguir alguns pontos de suas ponderações.
O Papa Francisco intervém no debate político internacional com a autoridade de quem anuncia Cristo, fonte de esperança em meio a um mundo em crise. Sua perspectiva não é geopolítica, mas de proteção aos que sofrem, às vítimas de guerras onde quer que estejam. Não defende um vago pacifismo, a neutralidade ou um equilíbrio precário. Ele acredita que os conflitos são inevitáveis, estão presentes ao longo da história como fonte de crescimento. Não tem medo de enfrentá-los, procurando colaborar para superá-los, numa prática acompanhada pela oração (uma diplomacia de joelhos).
Para o Papa, a paz está sempre numa tensão para estabelecer a justiça e a misericórdia, empregando todos os esforços para remover as causas estruturais da pobreza, pois, sem o desenvolvimento integral de todos, estaremos sujeitos a novas crises e novas formas de violência. A política, como serviço à sociedade, desempenha um papel central neste processo, tecendo relações para implementar ações efetivas de promoção dos mais frágeis e resolução dos conflitos. Como afirma o Papa: “a guerra é o fracasso da política” (Fratelli tutti, FT 261) porque “se alimenta com o veneno que considera o outro como inimigo” (Discurso aos jovens do projeto Policoro, 20/03/23).
Em sua visão, o mundo não está dividido entre aqueles que personificam o mal e os que representam o bem, ao qual devemos nos alinhar. O Reino de Deus não é deste mundo. É preciso e possível dialogar com todas as pessoas. Em sua própria definição, o Papa Francisco pratica a “diplomacia da misericórdia”, isto é, acredita que sempre é possível abrir-se uma brecha de luz em qualquer circunstância e diante de qualquer pessoa. Com sua confiança inabalável em Deus, o Papa nos ajuda a aceitar os pequenos passos, provações, negociações e os longos tempos.
Ele nos lembra que as raízes da violência, assim como as sementes da paz, se escondem no coração do homem; por isto faz um apelo a cada um para ser artífice da paz, gerando ambientes de acolhimento, diálogo e justiça na família, no trabalho, nas relações econômicas, políticas e internacionais.