Feliz Dia dos Professores

Dia 15 de outubro é o Dia dos Professores. Esta data comemorativa deve ser lembrada, particularmente nesse tempo em que o Papa Francisco nos convida a um novo “Pacto Educativo Global” e a próxima Campanha da Fraternidade terá por tema a educação, pois o educador está na base de toda a sociedade. Prova disso é que todo país com alto índice de desenvolvimento investe muito em educação. Tal aquisição não deve ser apenas quantitativa, mas qualitativa, com recursos bem geridos pelas autoridades vigentes.

A valorização da educação e do educador é importante, pois tem um efeito objetivo no desenvolvimento social e econômico de um povo, mas também uma consequência subjetiva no indivíduo. Ou seja, quanto mais conhecimento é apresentado para aquele ser humano, mais possibilidade ele tem de discernir bons caminhos e, consequentemente, ser mais livre. Um exemplo disso está nesta frase de São João Paulo II: “A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade” (carta encíclica Fides et ratio, FR, 1). Não adianta ter fé se não possuir o conhecimento necessário sobre aquilo em que se acredita. Para tanto, o papel do professor é fundamental, pois este tem os meios necessários para proporcionar ao educando um contato harmônico com o conhecimento, e este livremente irá discernir os melhores caminhos para a sua vida. 

Deixando de lado os efeitos coletivos e individuais, vale agora olhar para o professor e perceber a sua desvalorização por parte da sociedade brasileira. O pouco que se ganha no Brasil para educar tem impacto pessoal no profissional da educação e, a médio prazo, impactos sociais gravíssimos. O sentido da atuação do bom professor é o compromisso com o aluno e, consequentemente, o compromisso com o estudo e a renovação do conhecimento. No entanto, dando aula todo dia, tendo uma carga horária de 8 horas diárias de trabalho em sala de aula e usando seu fim de semana para corrigir prova e preparar aula, quando este indivíduo irá estudar, irá se reciclar para não cair na mesmice, que muitas vezes, dadas as circunstâncias, é inevitável? 

É urgente que se valorize monetariamente o professor, para que este tenha condições econômicas e possa, no decorrer da semana, ter um tempo substancial para se dedicar a estudos pessoais, ampliando seu universo de conhecimento e, consequentemente, melhorando seu desempenho em sala de aula, trazendo como resultado melhoras significativas para a educação.

Há outros problemas na educação brasileira, como ideologias e partidarismos, que podem comprometer o processo de ensino e aprendizado. No entanto, esta questão não será resolvida tolhendo a liberdade do educador em sala de aula, mas, sim, promovendo o diálogo entre os diversos setores da sociedade, dando protagonismo a pais e professores para que encontrem juntos os melhores caminhos para a educação dos jovens.

Para terminar, vale lembrar que, dentro de uma realidade escolar, todos os envolvidos possuem responsabilidade direta sobre o processo de ensino do educando. Em épocas de pandemia, o que se vê dentro da escola é que há pessoas de máscara o dia inteiro, como professores, que possuem contato direto com o aluno. Por outro lado, há pessoas que trabalham em suas salas pessoais sem máscara, como membros da direção e do comitê gestor, algo um tanto absurdo, pois não só professores devem ser exemplo, mas sim a escola inteira. Quando o aluno vê o diretor sem máscara em sua sala, infelizmente ele irá se espelhar neste e não no seu professor.

Arthur Acosta Baldin é ator e professor de Teatro.

Deixe um comentário