Maranatha

Há alguns dias, a liturgia de nossa Igreja iniciou um novo ano litúrgico, propondo-nos a prestimosa reflexão sobre nossa caminhada de fé de acordo com a economia da salvação. E o tempo litúrgico que inaugura o novo ano é o Advento. Este é composto de quatro domingos, sendo que os dois primeiros evidenciam a dimensão escatológica e a nossa preparação para a espera da vinda gloriosa de Cristo, e os últimos dois acentuam a primeira vinda de Jesus entre os homens, a encarnação do Verbo. 

Neste tempo forte, nossa comunidade é chamada a viver uma espiritualidade própria, marcada pela espera vigilante e alegre, pela esperança e pela conversão. Advento é o tempo da espera porque Deus manifestou em Jesus Cristo sua fidelidade aos homens. É o tempo de rezarmos: “Vem, Senhor Jesus” (Ap 22,17-20). Advento é o tempo da esperança, pois nossa comunidade cristã celebra este Deus que é esperança, e vivemos sua alegria. Advento é, pois, o tempo da conversão, afinal, como não nos lembrar do convite que João Batista faz à conversão para prepararmos os caminhos, endireitarmos as veredas e acolher o Senhor que se aproxima? 

Por isso, certamente, o Advento é o tempo extraordinário do encontro, é o tempo de fazermos uma experiência única e autêntica de Cristo. E, nesta perspectiva, nosso Papa Francisco disse em certa ocasião que todo encontro com Cristo muda, transforma, nossa vida. Desta maneira, o tempo do Advento recorda esse momento de nos encontrarmos com o Senhor que já veio e que virá. Seria salutar, em vista disso, buscarmos viver esse tempo privilegiado não a partir da dinâmica comercial do Natal, mas de nos comprometermos a levar os valores e atitudes de nossa vida tendo em vista o eschaton.Portanto, o sagrado tempo do Advento é um sinal pulsante para o encontro com Cristo, à mudança das visões que não nos comprometem a Deus. Este tempo litúrgico é o momento de servirmos a nossos irmãos e irmãs de forma a prepararmos já na terra a realidade celeste, o mundo futuro. É, pois, o tempo de olharmos para o profeta Isaías e, como ele, ecoarmos a esperança que conforta o povo. É o tempo de olharmos para o profeta João Batista e, como ele, prepararmos os caminhos e apontarmos para Cristo. É o tempo de olharmos para Maria, e vermos nela o exemplo superior da cooperação no mistério da redenção e darmos nossa contribuição na realização do Reino de Deus no hoje de nossa história.

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