Meus filhos são fracos. De quem é a culpa?

Nenhum adulto normal pode contestar que na vida já encontramos, e ainda encontraremos, muitas situações de dor, incerteza, frustração e decepção. Não é por acaso que no “Salve Rainha” rezamos: “A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas”.

Mas diante dessa certeza da idade adulta, porque muitos pais ainda tentam fingir que seus filhos não vivem ou nunca viverão neste “vale de lágrimas”?

Digo isso depois de presenciar a fraqueza de tantos jovens, em inúmeras situações. Na internet, recebi outro dia o vídeo de uma jovem norte-americana, cerca de 17 anos, chorando à mesa de jantar com sua família. Reclamava do quanto seu primeiro dia de trabalho tinha sido duro, pois fora “obrigada a fazer coisas que não tinha vontade” e o pior, que “teria de voltar lá no dia seguinte”.

Mas de quem é a culpa?

Em uma conversa com alguns pais, é possível começar a entender o problema. Frequentemente, ouvimos expressões como: “Ela foi mal porque o professor é muito severo”; “Ele desistiu, pois o padre foi muito duro com ele”; “Não foi à escola, pois estava muito cansado”; “Eu reclamei pois era muita lição de casa”; “Ficou na reserva, pois o técnico não gosta dele”.

Estamos em um mundo que defende que todos têm direito, mas nenhum dever. Todos são marginalizados ou oprimidos por alguém, basta achar de quem é a culpa e exigir uma reparação.

Mas, nós cristãos, “estamos no mundo, mas não somos do mundo”. Por que entramos neste transe, repetindo este mantra? Somos chamados a agir diferente, preparar a nova geração de pessoas incomuns, os novos cristãos.

Deus não nos chamou à paternidade para sermos em casa “os melhores amigos” e fora dela “os maiores defensores”. Há momento para tudo, mas em todos eles, somos, em primeiro lugar, pais e educadores.

Sim, nossos filhos têm defeitos, têm vícios que precisam ser vencidos, como todos nós. O pecado original não pende a balança para o pecado apenas na idade adulta.

Nesse afã de superproteção e, ao mesmo tempo, de uma crença fantasiosa na perfeição dos filhos, os pais agem sem pensar. Atribuem todas as culpas aos outros: o professor, o padre, o excesso de atividades, a escola ou o técnico.

Cegos, saem em disparada, levantando suas armas, pensando agir em defesa de seus filhos. Miram nos “culpados”, mas acertam de morte as melhores chances que seus filhos têm para adquirir a virtude da fortaleza.

Esquecem-se de nossa fragilidade em oposição à brutalidade do mundo.

Até quando os filhos poderão contar com nossa condescendência? Até quando estarão sob a nossa proteção vigilante? Até quando estaremos neste mundo para exercer essa influência? Até quando estarão num ambiente em que poderemos influenciar?

Atribui-se como causa dessa “geração mimimi”, que reclama de tudo e não tem vontade de nada, uma porção de desculpas: “O mundo que está fácil demais”; “No meu tempo não era assim”.

Mas quem os está educando? O “mundo”? O “tempo”?

O que farão nossos filhos diante de um chefe pouco amável? Como agir diante da pressão por prazos e entregas? Como responderão quando, chamados diante do Altíssimo, estivermos ausentes?

Mas existe uma pergunta no fundo do meu coração que é a que mais me incomoda e me inquieta como pai: “Quando começaremos a ensiná-los a respeito da cruz de Cristo?”.

Em que idade eles recebem suas cruzes: aos 12, 15, 18 anos?

Quando isso acontecer e as cruzes vierem, aí sim se revoltarão por completo. Afinal, foram treinados a atribuir a culpa aos outros. A lista será extensa, o mundo, o país e, no final, o grande culpado de todos será o próprio Deus, que permitiu o que seus pais nunca permitiram antes: que eles sofram.

E o resultado, sofro só de pensar: teremos criado um bando de ateus ou, com sorte, um grupo de cristãos covardes, que jamais trocarão seus próprios confortos pela sua santidade. Deus nos livre imaginar as consequências disso, mas quem é de fato cristão sabe bem quais seriam.

As dificuldades são proporcionais à idade, são as primeiras cruzes. Deixemos que eles enfrentem seus fracassos escolares por terem estudado pouco. Que seu orgulho seja ferido por uma bronca recebida ou por terem sido preteridos. Que durmam cansados porque deixaram a lição para fazer no final do dia.

Não é a nossa condescendência que os faz crescer nas virtudes, mas é o nosso apoio amoroso que os estimula a vencer seus desafios. Não é a nossa defesa inquestionável que os faz sentir-se protegidos, mas a certeza de que estaremos lá com as mãos estendidas para os ajudar a levantar, como Deus faz conosco.

Levantemo-nos e sejamos o que Deus espera de nós. A sombra do Altíssimo dentro de nossos lares!

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