“O Papa deve ser obedecido – escreve o Cardeal Newman em 1870 – quer se trate, ou não, de um caso em que ele é infalível. Nenhum bem pode vir da desobediência”.
O Cardeal Newman, canonizado pelo Papa Francisco em 2019, segundo Paul Thureau-Dangin, reconhecia que o Papa podia ter-se enganado ou ter sido enganado; que seus conselheiros e seus instrumentos podiam ter sido “tirânicos e cruéis”; mas “quando o Papa fala formalmente e com autoridade, ele fala como Nosso Senhor quer que ele fale”, e todas as faltas dos indivíduos não impedirão que o “resultado seja aquele que Nosso Senhor tinha em vista”.
“É por isso – conclui Newman – que a bênção está na obediência à palavra do Papa, e nenhuma bênção pode vir da desobediência”.
“A fidelidade ao Romano Pontífice – ensina São Josemaria Escrivá – implica uma obrigação clara e determinada: a de conhecer o pensamento do Papa, manifestado em encíclicas ou em outros documentos, fazendo tudo o que tiver ao nosso alcance para que todos os católicos acolham o magistério do Padre Santo e acomodem a esses ensinamentos a sua atuação de vida” (…) “Os católicos têm de pensar que, depois de Deus e da nossa Mãe, a Virgem Santíssima, na hierarquia do amor e da autoridade, vem o Santo Padre”.
O Papa Bento XVI, em homilia de posse da Cátedra do Bispo de Roma como sucessor de Pedro, em 2005, dizia: “Esta é a tarefa de todos os Sucessores de Pedro: ser a guia na profissão de fé em Cristo, o Filho do Deus vivo. A Cátedra de Roma é, em primeiro lugar, a Cátedra deste credo. Do alto desta Cátedra, o Bispo de Roma deve repetir constantemente: Dominus Jesus – ‘Jesus é o Senhor’, como escreveu Paulo nas suas cartas aos Romanos (10,9) e aos Coríntios (1 Cor 12,3)”.
O Papa tem a consciência de que está a serviço da Palavra de Deus nas suas gran- des decisões. Obviamente, o Papa pode ter opiniões pessoais errôneas que podem ser retificadas. Mas como foi dito: quando fala como Vigário de Cristo, na Cátedra de Pedro, na consciência de sua responsabilidade e, ao mesmo tempo na proteção do Senhor, então já não expressa sua opinião, razão pela qual não levará a Igreja ao erro.
Recentemente, o Dicastério para a Doutrina da Fé fez publicar uma declaração denominada Fiducia Supplicans sobre o sentido pastoral das bênçãos, assinada pelo Cardeal prefeito, Victor M. Fernández, e aprovada pelo Papa Francisco. Portanto, não se trata de um documento de autoria do Papa, na Cátedra de Pedro, ainda que tenha sua aprovação.
Logo, cabe a nós, católicos, ler a declaração e levá-la em oração. Refleti-la com serenidade. Lê-la tendo presente que no fundo muitos corações estão à espera de que o Samaritano venha em seu auxílio; que ele cuide de suas feridas e os leve para um lugar seguro, sem ao menos que saibamos o seu nome. Deus saberá separar o joio do trigo no tempo oportuno. Ou nas palavras do Cardeal Cantalamessa: “A misericórdia de Deus, de fato, é incondicional, mas não é sem consequências!”
A declaração, por outro lado, fez o cheiro de enxofre, que busca a divisão na Igreja, aproveitar-se da “oportunidade”: Satanás não tira férias! Lembremos o que diz o próprio Cristo: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo. Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, uma vez convertido, confirma teus irmãos” (Lc 22,31). Onde está Pedro, está a Igreja, e está também Deus. Portanto, com amor filial e muito unidos, rezemos pelo Papa Francisco não ser peneirado como o trigo.
Como católicos, de certa forma, todos nascemos em Roma! A fidelidade ao Papa depende da nossa. Temos responsabilidade pessoal como cristãos. Que Nossa Senhora, Maria Santíssima, rogue por nós pecadores para que nossa fé em Cristo, no Papa e na Sua Igreja não desfaleça.