Já entramos na espiral do fim do ano. Os compromissos transbordam das agendas: confraternizações, teatro infantil, reuniões de encerramento, planos de viagem, celebrações e um conjunto insano de compromissos.
As compras do Natal já entraram em processo acelerado a partir das promoções de black-friday. O Papai Noel já apareceu em dezenas de lugares diferentes ao mesmo tempo, parece fazer bilocação.
No dia a dia, caos no trânsito, multidões nos shoppings, entregas atrasadas. Todos parecem irritados, todos estão com pressa, os nervos estão à flor da pele. Que fase!
O mundo parece causar uma agitação extraordinária. Não nos deixa tempo para pensar, não há chance para meditações, adorações ou vida espiritual. Pelo contrário, todos concordamos que esta fase do ano é diferente das demais, e que os níveis de estresse são os mais elevados de todo o ano.
Mas será que é apenas uma coincidência? Será que é apenas uma questão operacional ligada ao nosso calendário?
O que nossa Igreja nos propõe viver neste período? O Advento! Um período de espera silenciosa. Um silêncio semelhante ao de um pai, na sala de espera da maternidade. Sabedores da grande felicidade que nos espera, permanecemos em silêncio, pensando como chegamos até ali, e como sairemos transformados a partir dali.
Semana a semana, nossa ansiedade santa aumenta, até que, bem próximo, somos tomados de uma ansiedade para que logo chegue o Natal.
Nessa meditação ansiosa, refletimos como Deus nos ama. Sobre o plano de salvação a partir do Éden, sobre como alguns decidiram “não servirei” justamente por causa deste acontecimento.
Celebramos a chegada daquele dia que é, sem sombra de dúvidas, o maior acontecimento de todos os tempos. Quando o Senhor do tempo, que vive fora do tempo, decidiu entrar no tempo para a nossa salvação.
Há quem diga, poeticamente, que o universo todo parou por um segundo no momento de Seu nascimento. Como se toda a natureza criada, todos os animais, planetas e astros por Ele criados, interrompessem as ações definidas em sua natureza justamente para olhar por um segundo o evento extraordinário que se sucedia nas terras de Belém.
Não é por acaso que a partir dali a própria medida do tempo se dividiu em duas: antes e depois de Cristo.
Como se pode ver, não é a celebração do aniversário de uma pessoa importante, de uma figura histórica que de fato viveu neste mundo, mas o começo do capítulo mais importante da história da nossa salvação.
Para que Jesus morresse e ressuscitasse, era necessário que, antes, tivesse nascido. Deus se rebaixa à nossa natureza e ganha um rosto humano na “plenitude dos tempos”.
Mas qual de nós está aproveitando, de fato, com dedicação, este período frutífero na meditação desses acontecimentos? Como lembramos no início, o ambiente não é favorável.
Se poeticamente a natureza criada suspirou por um segundo no nascimento de Cristo, o mundo parece se comportar justamente de forma contrária.
Tudo o que vivemos nessa época parece como que uma agitação de terror, como o bêbado que se embriaga para não encarar a realidade. O mundo parece tentar nos embriagar com o que tem de pior, para não encarar a sua.
Parece dizer: finjamos que isso não aconteceu, não deixemos que o assunto venha à tona, não permitamos que meditem sobre isso, ocupemos suas mentes para que não percebam.
É justamente essa “irritação do mundo” pela chegada de Jesus que sentimos nesta época. Vai nascer Aquele que vencerá a morte, Aquele que irá julgá-lo no último dia.
Então, estejamos atentos para não entrarmos “na pilha” do mundo, e na irritação justificada do príncipe desse mundo. Devemos estar no mundo, mas não ser do mundo. Dediquemo-nos a meditar sobre o Advento, para estarmos realmente prontos quando Ele chegar. Feliz Natal!






