O que nos espera em 2024?

“Para o Senhor um dia é como mil anos e, mil anos, como um dia”. Nada como um dia depois de outro. O tempo tudo cura, tudo coloca no seu devido lugar. O tempo dirá. São frases bem conhecidas, que fazem parte do nosso dia a dia, da experiência que fazemos da nossa temporalidade. Estamos no tempo, entre tempos, com a previsão de tempos e nossa experiência humana constrói-se na linha do tempo, até que o tempo cesse para nós e ainda continue para outros. Depois do tempo, o que haverá ainda? Fora do tempo, antes do tempo e além dele, só a eternidade de Deus.

A experiência do tempo está muito ligada às nossas expectativas e às metas que nos propomos. E então, o tempo será gratificante, se nossas expectativas foram realizadas; será frustrante, se não foram cumpridas, podendo deixar uma sensação de ansiedade e derrota. Será estimulante, se aprendermos as lições de cada situação vivida no tempo e as aproveitarmos para crescer e amadurecer na vida. As crianças e jovens vivem o tempo de maneira esperançosa e até ansiosa; os adultos, de forma frenética e programada; os idosos, de várias maneiras: de forma frustrante, serena e agradecida, ou ansiosa para ver “novos tempos”…

Esta reflexão inicial nos leva a perguntar: o que este tempo, chamado ano de 2024, nos reserva, além de nossas histórias e experiências pessoais surpreendentes? Muitas coisas, sem dúvida, já previstas e programadas no âmbito civil e público. Teremos eleições municipais, além de muitas decisões a serem tomadas no âmbito político e econômico. Esperamos que o Brasil cresça em justiça, solidariedade e pacificação. Que tal investirmos nosso tempo “público” nessas e em outras boas metas comuns?

Mais amplamente, o mundo continua assistindo a vários conflitos internos e guerras entre países. Não é um quadro bonito nem nos alegra que, depois de tantas experiências dolorosas feitas ao longo do tempo com guerras, conflitos, sangue derramado e ódio, ainda se recorra às armas de morte e destruição, para impor soluções que, mesmo sendo “vitoriosas”, deixarão um pesado saldo de dor, ódio, morte e destruição. Quando, em quanto tempo, vai-se aprender a buscar soluções não violentas para os conflitos que afligem e matam?

Celebrar a vitória sobre os cadáveres e as ruínas dos outros nunca foi motivo de glória para ninguém que seja verdadeiramente humano.

Para a Igreja, em âmbito universal, em 2024, haverá a continuidade do sínodo – “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, com a segunda parte da assembleia sinodal, em outubro. Mas este ano também é preparatório para o Jubileu de 2025, a ser celebrado por toda a Igreja, com o belo tema: Peregrinos da Esperança. O Papa propõe que, em 2024, toda a Igreja retome a oração, como preparação pela celebração do Jubileu de 2025. Ao mesmo tempo, orienta que voltemos a estudar os grandes textos do Concílio Vaticano II, cujas importantes intuições e orientações continuam atuais e serão retomadas ao longo do Jubileu.

A Igreja no Brasil, através da CNBB, chama todos a realizarem a Campanha da Fraternidade durante a próxima Quaresma, com o tema da fraternidade e amizade social. Tomado da encíclica do Papa Francisco Fratelli tutti – Vós sois todos irmãos, o tema é mais que oportuno, dado o ambiente social, ideológico e político polarizado que vivemos e que penetrou até mesmo nas famílias e nos ambientes eclesiais.

Na arquidiocese de São Paulo, continuaremos o esforço para traduzir em novas práticas eclesiais e pastorais as propostas e recomendações do 1º sínodo arquidiocesano de São Paulo – Caminho de comunhão, conversão e renovação missionária (2017-2023). Esse esforço se faz, enquanto continuamos acompanhando o sínodo universal, ainda em curso, até outubro deste ano.

Como frutos do nosso sínodo arquidiocesano, teremos em 2024 a publicação e a entrada em vigor de vários documentos pastorais e administrativos, como recomendado pela assembleia sinodal: Diretórios – para a Pastoral dos Sacramentos; para a Formação Presbiteral; para a Liturgia; para a Pastoral Arquidiocesana; para a Catequese. Também teremos as novas Normas administrativas e financeiras da Arquidiocese e um documento sobre a renovada organização pastoral da Arquidiocese, que estabelece, entre outras coisas, a criação de Decanatos.

Este tempo, chamado ano de 2024, vem cheio de propostas e expectativas. A nós, cabe acolhê-las, como oportunidades para nos apropriarmos desse tempo, de maneira construtiva e frutuosa. Sem demora nem perda de tempo. O tempo é graça e promessa de bênção. Deus nos abençoe e nos acompanhe!

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Márcia
Márcia
6 meses atrás

Onde agente consegue esses documentos do concílio Vaticano ll