O Senhor está próximo! 

“O Senhor nos espera em Belém, apesar de nossos defeitos”, escreveu o Beato Álvaro Del Portillo, então Prelado do Opus Dei, em 1º de dezembro de 1988. 

Estamos na reta final para celebrarmos o Natal do Senhor do ano de 2024. Ainda há tempo para estarmos prontos para recebê-Lo adequadamente. Tenhamos a confiança de que Deus não deixará de se alojar em nossos pobres corações, mesmo que sejamos tão pouca coisa, se Lhe oferecermos o melhor que pudermos. 

Neste tempo de Advento, temos que caminhar “tratando de construir com o coração um presépio para nosso Deus”, ensina São Josemaría Escrivá. Joguemos fora, portanto, os fardos – as pequenas concessões ao conforto, ao egoísmo, ao amor-próprio – que talvez atrapalhem os nossos passos e retardam a nossa marcha em direção a Deus! Não nos esqueçamos: na gruta de Belém, eles “veem um homem, mas reconhecem Deus” (Suma Teológica, III, q.36, a.8, ad 4). 

A liturgia reservou para nós, no 3º. Domingo do Advento, o Domingo da Alegria, as palavras que São Paulo escreve aos Filipenses e a nós: “Irmãos: Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos. Que vossa bondade seja conhecida de todos os homens! O Senhor está próximo! Não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças. E a paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento, guardará os vossos corações e pensamento em Cristo Jesus” (Fl 4,4-7). 

Ao escrever esse texto, São Paulo estava encadeado e no cárcere. Afinal, como escreveu o trapista São Charles de Foucauld, em 1891, na Síria: “Pode-se lamentar aquele que faz vontade de Deus? […] E se na execução, encontramos qualquer espinho, então, o prazer é duplo!…” 

A verdadeira alegria não se curva às circunstâncias em que se desenvolve a nossa existência, sejam elas difíceis, sejam humanamente dolorosas. A alegria é uma característica do cristão, um bem que carregamos. Seu fundamento não está na satisfação das necessidades físicas ou materiais, mas na fidelidade a Deus, em abraçarmos a sua cruz. 

O Cardeal Raniero Cantalamessa, que completou 90 anos neste 2024 e deixou o cargo de Pregador da Casa Pontíficia, o qual recebeu de São João Paulo II em 1980, dizia na terceira pregação do Advento ao Papa e à Cúria em 2018: 

“Entre nós e Deus – escreveu o grande teólogo bizantino Nícolas Cabasilas – erguiam-se três muros de separação: o da natureza, porque Deus é espírito e nós somos carne; o do pecado, e o da morte. O primeiro desses muros foi derrubado na encarnação, quando a natureza humana e a natureza divina se uniram na pessoa de Cristo; o muro do pecado foi derrubado na cruz; e o muro da morte na ressurreição. Jesus Cristo é agora o lugar definido do encontro entre o Deus vivo e o homem vivo. Nele, o Deus distante tornou-se próximo, o Emanuel, o Deus-conosco.” 

Recordemos que o “Verbo fez-Se carne e habitou entre nós”. Não há, portanto, motivos para inquietação! 

“Nesta nossa época, tão complexa como apaixonante, existe o risco de que a agitação do ambiente nos empurre, quase sem percebermos, para a irreflexão, fazendo-nos perder a perspectiva de que o Senhor está muito perto”, nos adverte Dom Javier Echevarría (1932-2016). “Não entender esta realidade significa não compreender ou não penetrar no Amor de Deus”. 

Que Nossa Senhora, Maria Santíssima, interceda por nós neste Natal para que Cristo encontre em nossos corações a sua morada, e, assim, nossa “bondade seja conhecida de todos os homens!” 

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