O sínodo arquidiocesano continua

Em 2017, iniciamos o 1º sínodo arquidiocesano de São Paulo, como um “caminho de comunhão, conversão e renovação missionária” de nossa Igreja paulistana. As motivações eram muitas, mas, sobretudo, queríamos nos colocar à escuta do Espírito Santo, para ouvir o que Ele diz à Igreja em nossos dias: “Quem tem ouvidos, escute o que o Espírito diz às Igrejas” (cf. Ap 2-3). Ele é o animador da Igreja (“alma da Igreja”), seu guia, sua luz, sua força, aquele que a renova e dá vitalidade e fruto à sua ação.

O Espírito Santo fala pela palavra de Deus e da Igreja, pela voz das circunstâncias e pelos “sinais dos tempos”. Poderíamos alongar-nos na enumeração desses sinais, que apontam para a necessidade de uma renovação da vida da Igreja em nossa Arquidiocese. Tomo apenas uma palavra do Documento de Aparecida (2008): a Igreja na América Latina não pode se contentar com uma ação de mera conservação daquilo que já alcançou no passado: ela precisa confrontar-se com as situações atuais, que requerem uma ver- dadeira conversão pastoral e uma evangelização decididamente missionária. O Papa Francisco, na exortação apostólica Evangelii Gaudium (2013), passa para a Igreja do mundo inteiro essas e outras intuições da Conferência de Aparecida.

Os sínodos diocesanos são iniciativas já consagradas na Igreja ao longo dos séculos e fazem uma grande avaliação da vida e ação evangelizadora e pastoral da Igreja local, na busca da renovação e dinamização da vida e ação eclesial. Em 2017, fizemos um ano de oração e preparação para o sínodo. Em 2018, realizamos a primeira etapa do sínodo, focada nas comunidades eclesiais das paróquias e suas organizações pastorais. Nesse mesmo ano, foi feito um levantamento nas paróquias sobre os dados objetivos que refletem a sua vida e ação pastoral. No mesmo ano, também foi feita uma importante pesquisa de campo sobre a situação religiosa e pastoral em toda a arquidiocese de São Paulo. A pesquisa teve mais de 21 mil questionários respondidos, de 111 perguntas cada um. Mais de 15 mil questionários foram respondidos por católicos e, um pouco mais de 5 mil, por entrevistados não católicos. A pesquisa foi organizada e realizada sob a orientação de especialistas em estudos sociais da PUC-SP, e recolheu uma quantidade enorme de dados de grande importância e interesse para o sínodo. Em 2019, na segunda etapa do sínodo, as regiões episcopais, a partir das contribuições enviadas pelas paróquias no trabalho da etapa anterior, fizeram sua avaliação e reflexão sobre a vida e a ação pastoral em âmbito de regiões e vicariatos episcopais. Ao mesmo tempo, já se fez um primeiro discernimento sobre os dados levantados pela pesquisa de campo e pelo levantamento paroquial. Esses dados envolvem amplamente a vida e a ação pastoral da Arquidiocese e são muito reveladores, merecendo uma atenta avaliação e análise.

Em 2020, estava programada a assembleia sinodal arquidiocesana, o momento maior do trabalho sinodal. Na assembleia, participam delegados e representantes de todas as instituições e organizações da Igreja na Arquidiocese, com delegados escolhidos conforme o Direito Canônico e de acordo com o Regulamento do próprio sínodo arquidiocesano. A assembleia inicia com uma tomada de consciência do trabalho sinodal já realizado e, em seguida, faz o discerni- mento para elaborar as indicações sinodais, que aparecerão no final como fruto do sínodo e como diretrizes a serem seguidas na fase pós-sinodal em toda a Arquidiocese. Em fevereiro de 2020, chegamos a fazer uma solene abertura dos trabalhos da assembleia sinodal, prevista para se desenvolver ao longo do ano, em oito etapas. No entanto, a chegada da pandemia de COVID-19 levou à interrupção dos trabalhos do sínodo, para preservar a saúde dos participantes da assembleia e para a dedicação prioritária às ações emergenciais de socorro aos muitos necessitados, que a pandemia atingiu duramente.

Em 2022, após dois anos de interrupção, retomamos as ações do sínodo e temos confiança em Deus de que chegaremos à conclusão dos trabalhos, sem novas interrupções. A retomada do sínodo prevê uma breve fase de pré-assembleia nas paróquias. Após uma celebração de início dos trabalhos já no fim de semana de 12 e 13 de março, as paróquias deverão fazer duas reuniões dos Conselhos Pastorais Paroquiais, convidando para participar também todas as suas lideranças pastorais. O objetivo é a renovada tomada de consciência do caminho do sínodo e seus objetivos, bem como oferecer novas contribuições para a assembleia arquidiocesana do sínodo, levando em conta também as situações que a vida e a missão da Igreja enfrentam, a partir das questões surgidas desde 2020, sobretudo a partir da pandemia de COVID-19.

Enquanto isso, a Secretaria e a Comissão de Coordenação do sínodo já trabalham para a retomada da assembleia, que deverá ser reaberta com uma bela celebração na Catedral da Sé no sábado, 7 de maio, às 15h, véspera do Domingo do Bom Pastor. E toda a Arquidiocese é chamada a fazer a oração ao Espírito Santo pelo nosso sínodo e pelos seus frutos em nossa Igreja.

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