O caminhar dos jovens católicos 

Corria os anos de 1970 com grande participação dos jovens nos encontros de Treinamento de Liderança Cristã (TLC), Cursilhos de Jovens, Gen (Geração Nova do Movimento dos Focolares), Comunhão e Libertação (CL), para mencionar alguns destes grupos. Estas experiências nasceram a partir de grupos da Ação Católica e da Juventude Universitária Católica, com a impulsão do Concilio Vaticano II e, na América Latina, também de Medellín e Puebla.

A constituição pastoral Gaudium et spes alertava sobre a inquietação do jovem e da consciência da sua própria importância na vida social e o desejo de uma participação imediata, exigindo a cada dia mais a adesão a uma fé pessoal e operante (GS 7). O desafio era promover uma experiência de renovação dos relacionamentos com a proposta da vivência da Palavra como demonstração desta fé. Ampliou-se a ação pastoral da Igreja, com ações sociais e vinculação popular com as comunidades eclesiais de base. Em 1978, foi criada a Pastoral da Juventude, ligada ao Setor Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). 

Passados 50 anos, o cenário se apresenta com novas características, sendo que os meios de comunicação possuem grande poder para atração dos jovens, cujo número considerável adere às propostas de cunho religioso na linha da chamada Teologia da Prosperidade. Não são somente encontros de grupos, mas de multidões motivadas por uma mídia que perpassa toda a grade de programação de centenas de emissoras de rádio e de canais de televisão.

Também na Igreja Católica são inúmeras as atividades para os jovens. A Comunidade Shalom, por exemplo, fará em outubro de 2024 um grande evento internacional em Fortaleza (CE); a Canção Nova promoveu em julho a 26ª edição do Acampamento PHN, que reuniu no decorrer de uma semana mais de 180 mil jovens.

Os Gen (Geração Nova do Movimento dos Focolares) promoveram também em julho, em Aparecida (SP), a 12ª edição do GEN FEST, que acontece a cada seis anos em vários países, com a proposta: “Juntos para cuidar”. Eram cerca de 4 mil jovens de 52 países representado os cinco continentes. 

A Comunidade de Shalom realizou o Halleluya 2024, no Largo da Batata, com a presença de cerca de 12 mil pessoas, sendo cerca de 10 mil jovens e mais a participação de outros movimentos e novas comunidades. Todos estes eventos repercutem na Arquidiocese de São Paulo com a realização de encontros semanais de jovens e atividades sociais nas paróquias.  

O que atrai os jovens para estas atividades? São tantos os motivos para este engajamento, mas se pode destacar que se dá pelo chamado espiritual e pela oportunidade de colocar em prática a Palavra, tornando-a efetiva em favor da comunidade. 

O Papa Francisco aborda o tema na exortação apostólica pós-sinodal Christus Vivit (Cristo Vive), publicada em 2019, e que assim se dirige aos jovens: “Cristo Vive: é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem, fica novo, enche-se de vida. Por isso, as primeiras palavras que quero dirigir a cada jovem cristão, são estas: Ele vive e quer-te vivo! (CV1) Neste documento, o Papa anuncia três grandes verdades: 1) “Deus que é amor”; 2) “Cristo salva-te”; 3) “Ele vive!”. Nestas verdades estão as três Pessoas da Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo. Francisco exorta os jovens a invocarem todos os dias o Espírito Santo: “Não perdes nada e Ele pode mudar a tua vida”.

Francisco lembra que a juventude é “a idade das escolhas”, e isto requer “um desenvolvimento espiritual e de ser comprometido na busca do bem comum. “O empenho social e o contato direto com os pobres continuam a ser uma oportunidade fundamental para descobrir ou aprofundar a fé e para discernir a própria vocação”. 

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