Páscoa é Deus que passa!

A Páscoa é a forte experiência de Deus, envolvida por um grande êxodo. Páscoa significa passagem. É Deus que  “passa” para salvar o seu povo.

A experiência pascal, desde os primórdios, está permeada pela ação de Deus na história, da Criação à Revelação-Redenção, da culpa de Adão à tão grande Redenção.

O ato fundante da fé do povo de Israel tem sua centralidade no Êxodo: passagem da escravidão para a liberdade.

Aqui, Deus ouviu o clamor do povo escravizado e, sensibilizado com a sua miséria, o libertou, conduzido por Moisés, de volta à Terra Prometida.

Antes do ato libertador, Deus ensinou a fazer o memorial desse êxodo.

Assim, ficou definida a ceia pascal, onde se comia o cordeiro, as ervas amargas, o pão sem fermento e pintavam a porta com o sangue do animal sacrificado (cf. Ex 12,7-8).

Essa celebração, repetida a cada ano como ato culminante de memória e ação de graças pelos feitos de Deus, vivenciada pelos judeus, Jesus sabendo que iria morrer, desejou ardentemente realizá-la com os seus discípulos.

Foi no contexto da Páscoa judaica que a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus aconteceu. Esse Mistério Pascal se tornou, assim, o ato fundante da nossa fé.

A espiritualidade da Páscoa nos fala da ação de Deus Pai em seu Filho Jesus Cristo, ação criadora que se manifesta na sua vida entregue por meio da morte, introduzindo um novo modo de existir.

Ao ressuscitar seu Filho, Deus antecipou na história humana algo que se manifestará no fim: a vitória e a realização plena do seu Reino.

Na Páscoa judaica, está presente o valor escatológico da libertação definitiva. Na ressurreição de Jesus Cristo, passagem da morte à vida, Deus amorosamente “passa”, concretizando o plano da salvação.

Os Evangelhos sinóticos evidenciam que a libertação prometida no Antigo Testamento, que se consumia na ação e pessoa de Jesus, tem seu marco entre o Batismo e a caminhada para Jerusalém, onde celebrou a Páscoa da sua morte.

Portanto, celebrar a Páscoa é entrar em contato com o mistério salvífico de Deus, o mistério de Cristo, chamado para transformar a nossa vida.

Celebramos em memória do Senhor (cf. 1Cor 11,23-26), atualizando a sua Páscoa onde Jesus, por sua ressurreição vitoriosa, transmite ao mundo o seu Espírito de vida, Espírito de liberdade, capaz de mudar o coração do homem, redimindo-o de suas raízes mais profundas da escravidão e do pecado, realiza a verdadeira libertação pascal.

A espiritualidade da Páscoa nos fortalece na fé em Deus, que passa para realizar o seu eterno plano de amor.

A Páscoa é o centro do ano litúrgico e, portanto, de toda a vida da Igreja.

Celebrar a Páscoa é tornar célebre a obra da redenção humana e da glorificação de Deus que Cristo realizou quando, morrendo, destruiu a morte e, ressuscitando, restaurou a nossa vida.

Aproximemo-nos desse tão grande Mistério, que anula a culpa soberba de Adão e nos reintegra ao paraíso, celebrando e testemunhando o Ressuscitado, que vencendo a morte nos dá a vida em plenitude.

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