Cristo nos chama para sermos os arautos da Nova Aliança que o Pai fez com a humanidade por meio de sua oferta na cruz (cf. Documento de Aparecida, DAp 143-144). O mandato é claro: anunciar o Evangelho a toda criatura, fazer discípulos todos os povos (cf. Mt 28,19; Lc 24,46-48). A missão de evangelizar é a primeira de todas as causas da Igreja, sua “tarefa primária”, afirmou o Papa Francisco (cf. Evangelii gaudium, EG 15). O ser missionário é também consequência da alegria de que pertencemos a Cristo e a Ele estamos configurados, participando de seu tríplice múnus de sacerdote, profeta e rei/pastor. Anunciar o Evangelho é também um serviço à humanidade e uma demonstração de amor ao próximo.
Não se trata apenas de transmitir conteúdos, mas, sobretudo, de compartilhar a experiência do encontro com Cristo vivo, pessoa a pessoa, comunidade a comunidade, até chegar, por meio da Igreja, aos confins da terra (cf. At 1,8). O discipulado e a missão são duas faces da mesma moeda: uma não se concebe separada da outra (cf. DAp 146).
Assim como Jesus saiu ao encontro das pessoas, seus discípulos missionários vão ao encontro dos demais para manifestar-lhes o amor e a misericórdia do Pai, especialmente aos pobres e pecadores. Somos Igreja em saída!
O discípulo segue o Mestre, aprende com Ele, identifica-se com Ele, e, depois, partilha esta experiência com os demais: eis a missão! O conteúdo do anúncio não muda ao longo do tempo: Jesus Cristo e seu Mistério Pascal, em outras palavras: o Kerigma, o anúncio fundamental da fé que, nas palavras do Papa Francisco, trata-se do anúncio do “amor pessoal de Deus que Se fez homem, entregou-Se a Si mesmo por nós e, vivo, oferece a sua salvação e a sua amizade” (EG 128).
O discípulo, assumindo sua missão e testemunhando Cristo, caminha para a santidade, tanto porque deve expressar com a vida aquilo que prega quanto pelo fato de que, amando a Cristo, quer ser como Ele no seu viver (cf. DAp 148).
O anúncio do Evangelho deve ser acompanhado do testemunho da comunhão fraterna, pois isto é uma das garantias da eficácia do anúncio, é o que atrai para Cristo as pessoas (cf. DAp, 159; 132): a Igreja é comunidade de amor e os discípulos missionários devem empenhar-se para serem dóceis ao Espírito que faz a comunhão.
Evite-se, portanto, toda rivalidade, rixas, dissensões, invejas, ciúmes, tudo o que desune (cf. Ef 4,2-3; Gl 5,16-26). O empenho por uma vida comunitária baseada no amor de Cristo é também empenho para o sucesso da missão; por isso São João Paulo II lembrava que a Igreja deve ser “casa e escola da comunhão” (cf. Novo Millennio ineunte, NMI 43-45), o que o Documento de Aparecida relembra no n.170. Algo importante que não pode ser esquecido: o Espírito Santo é o grande protagonista da missão, é Ele quem vai à frente e prepara o terreno, predispõe os corações e depois sustenta na perseverança (cf. DAp 149-153).
O discípulo de Jesus caminha na força do Espírito e com Ele mantém um relacionamento de intimidade e comunhão por meio da oração, da escuta e meditação da Palavra, dos sacramentos – especialmente a Eucaristia – e da prática da caridade fraterna. Desta comunhão com o Senhor e com a Igreja, com seus irmãos e irmãs na fé, é que ele tira forças para poder transmitir aos demais a alegria do Evangelho, para dar as razões de sua esperança (cf. 1Pd 3,15) e colaborar para a difusão do Reino de Deus neste mundo. Aproveitemos este mês de outubro, dedicado às missões, e rezemos por todos os que se dedicam à evangelização, por todos os missionários e missionárias, sobretudo os que estão naquelas terras em que há guerras, conflitos ou perseguições por causa da fé.