No dia 5 de setembro, a arquidiocese de São Paulo comemora o aniversário da dedicação da catedral metropolitana Nossa Senhora da Assunção. A celebração é feita no grau de solenidade na própria Catedral e, de festa, nas demais igrejas da Arquidiocese.
A dedicação de altar e igreja, e a celebração do aniversário da dedicação, todos os anos, são ocasiões riquíssimas para uma catequese sobre a própria Igreja e sobre o simbolismo eloquente dos templos. Antes de tudo, Jesus Cristo, Filho de Deus encarnado, morto na cruz e ressuscitado para a salvação da humanidade, é o verdadeiro templo da nova e eterna Aliança de Deus com os homens. Quem se aproxima de Jesus Cristo, aproxima-se de Deus. E a comunidade dos batizados, povo de Deus, também é templo em que Deus habita. Os templos visíveis são sinais privilegiados da Igreja, povo peregrino, animado pela fé, esperança e caridade, unido à Igreja celeste, que já se encontra diante da face de Deus na vida eterna.
O significado teológico da dedicação de altar e igreja está relacionado com a presença de Deus no meio do seu povo: o povo fiel dedica a Deus uma “morada” no meio de suas casas e nas suas cidades, querendo, assim, expressar sua fé e seu desejo de que Deus permaneça em seu meio. Deus não precisa de casa e o universo inteiro é pequeno para conter Deus. No entanto, Deus quis estar entre os filhos dos homens e enviou seu Filho ao mundo para ser o “Emanuel – Deus conosco” para sempre. Pelo mistério da encarnação, o Verbo-Filho colocou sua tenda no meio de nós e permanece conosco.
A dedicação dos templos e altares traduz em palavras, gestos e ritos muito significativos o desejo de ter Deus entre nós, de encontrá-Lo e de estar com Ele. Ao mesmo tempo, o rito da dedicação tem um significado eclesial muito eloquente, lembrando que somos nós mesmos os templos vivos de Deus e que cada pessoa batizada é como se fosse uma pedra viva na edificação do templo espiritual do Deus vivo (cf. 1 Cor 3,16). A dedicação e a celebração anual do aniversário da dedicação são ocasiões para uma riquíssima catequese sobre a Igreja.
Os templos dedicados à glória de Deus e para a celebração dos divinos mistérios devem ser zelados com especial atenção, para que expressem, de modo conveniente, o seu significado. Neles não se devem realizar atos “profanos”, que destoam do sagrado respeito devido a Deus. Da mesma forma, os altares dedicados deverão ser usados unicamente para fins sagrados e, jamais, para outros fins. Não devem mais ser vistos como simples mesas e sobre eles não devem ser postos objetos ou utensílios não relacionados com o culto divino, ou sem uma finalidade religiosa.
A dedicação de altar e igreja, normalmente, é inseparável e se realiza uma única vez, a não ser que haja uma reestruturação ou reforma profunda na igreja ou no altar. Neste caso, pode-se proceder a um novo rito de dedicação, a critério do bispo. Em todo o caso, esse rito é reservado unicamente ao bispo diocesano ou a quem ele legitimamente delegar essa celebração. Será sempre o bispo diocesano quem aprova e autoriza a dedicação de altar e igreja. De todo modo, a reestruturação e reforma de igrejas e altares também deve ser autorizada previamente pelo bispo diocesano.
As normas litúrgicas prescrevem que não se devem realizar dedicações de altar e igreja nos tempos e dias litúrgicos “fortes”, que têm precedência e cuja celebração não pode ser substituída por outra: Natal, Epifania, Quarta-feira de Cinzas, Semana Santa inteira, incluindo os Domingos de Ramos e da Páscoa, e os domingos da Ascensão e de Pentecostes. Uma vez que algumas dessas solenidades não têm dia fixo no calendário, é preferível evitar a dedicação das igrejas nos tempos litúrgicos do Advento, Natal, Quaresma e no tempo pascal. O tempo comum na liturgia é o período mais indicado para fazer as dedicações e, como consequência, para celebrar os aniversários das dedicações.
O aniversário da dedicação do altar e da igreja deve ser celebrado todos os anos no mesmo dia da dedicação, fazendo uso dos textos litúrgicos próprios para o aniversário da dedicação, do Missal e do Lecionário. Na própria igreja dedicada, o aniversário é celebrado no grau de solenidade litúrgica. Quando se trata do aniversário da catedral, observe-se a mesma prescrição; além disso, em todas as igrejas daquela diocese, o aniversário da dedicação da catedral deve ser celebrado, nesse dia, no grau de festa.
A simples bênção de inauguração de igreja ou altar não se configura como “dedicação”, segue um rito próprio e da qual devem sempre permanecer as cruzes nas paredes ou colunas, indicativas da dedicação, além de uma ata assinada pelo bispo que faz a dedicação e que deve ser transcrita integralmente no livro tombo da paróquia ou templo. Uma placa comemorativa, fixa e estável, também deve recordar a dedicação.
Na arquidiocese de São Paulo, já há muitos altares e igrejas dedicadas, conforme elenco publicado no sítio eletrônico www.arquisp.org.br. Aos padres encarregados dessas igrejas dedicadas, é recomendado vivamente que o aniversário da dedicação seja celebrado de modo conveniente todos os anos. Nas solenidades litúrgicas, convém que as velas, junto às cruzes que lembram a dedicação, sejam acesas, contribuindo para criar um ambiente religioso festivo no templo. Cada aniversário de dedicação de altar e igreja é ocasião para uma bela mistagogia sobre a Igreja, “templo vivo de Deus que somos nós”.