O mês de outubro, dedicado pela Igreja Católica à temática missionária, inicia com a comemoração de Santa Teresinha do Menino Jesus, uma Santa jovem, monja carmelita, proclamada Padroeira dos missionários sem nunca ter deixado o seu Carmelo em Lisieux, na França. Ela ardia de amor pelas missões, mantinha contatos por cartas com muitos missionários em diferentes partes do mundo, rezava e se sacrificava por eles e oferecia-lhes incentivo e apoio espiritual.
Jesus Cristo fundou a Igreja para ser missionária, ir ao encontro de todos os povos e lhes anunciar o Evangelho da salvação. Desde os Apóstolos até hoje, ela não deixou de o fazer, mesmo que possam ter existido períodos de menor impulso missionário, por diversas circunstâncias históricas. Mas ela nunca deixou de anunciar o Evangelho “aos que estão perto e aos que estão longe”. Ela se renova e encontra novo dinamismo quando se lança à missão. Sem a constante ação missionária, ela deixaria de existir.
No atual momento da História, faz-se muito necessário um reflorescimento missionário da Igreja, sobretudo nos países da Europa e da América, onde há certo cansaço e crise religiosa. Os sinais dessa crise são vários, como a diminuição do número de católicos em vários países, tradicionalmente, de maioria católica; a escassez de vocações à vida sacerdotal, religiosa e missionária; a diminuição do apreço e da procura pelos Sacramentos, sobretudo pela Confissão, Matrimônio e Unção dos Enfermos. A prática da fé ficou mais diluída, com frequência geralmente baixa nas celebrações dominicais e nas grandes festas da Igreja.
Em países da África e da Ásia, a Igreja Católica está em franco crescimento, embora na Ásia seus números ainda sejam pequenos em relação à totalidade da imensa população desse continente. Porém, nessas partes do mundo, existe uma vivacidade missionária mais expressiva do que na Europa e na América, em geral. Entre as causas dessa crise estão, certamente, as condições culturais e sociais em forte mudança no Ocidente, com uma valorização menor da dimensão religiosa na vida das pessoas e da sociedade.
A constante doutrinação sobre a “inutilidade da religião” ou, até mesmo, sobre supostos efeitos nocivos da religião na autonomia e na liberdade das pessoas, vem produzindo seus efeitos. Além disso, cresce o consumismo e a cultura do materialismo, que passam a impressão equivocada de que o homem será feliz na medida em que tiver muitos bens e puder desfrutar ao máximo os bens e prazeres deste mundo. E se coloca a questão: para que precisamos de Deus, se podemos ser felizes sem Ele e sem práticas religiosas? Seguem, como consequências lógicas, o indiferentismo religioso e o ateísmo prático, crescentes em nosso tempo.
A Igreja é enviada ao mundo para anunciar que “o reino de Deus chegou”, conclamando todos ao acolhimento do “reinado de Deus”, como o bem máximo para a vida das pessoas e do mundo. Ela proclama, de muitas formas, que Deus e suas promessas são os bens mais preciosos para o homem e o mundo e que todos os bens deste mundo devem ajudar-nos a alcançar esse verdadeiro bem, o único bem que realmente conta, sem o qual a vida é desperdiçada. O anúncio da Boa Nova do reino de Deus chama à conversão e a não se acomodar na vida, como se não houvesse mais nada depois dela; e exorta a buscar o Bem Supremo acima de tudo e em tudo.
Os católicos e os cristãos, em geral, também podem ser levados, talvez imperceptivelmente, ao indiferentismo religioso e ao ateísmo prático. É fácil acolher e viver a mentalidade materialista e consumista generalizada, perdendo o vigor do testemunho do Evangelho e da vida coerente com ele. Mediante a renovação missionária, a Igreja chama a uma tomada de posição crítica em relação a tudo aquilo que deixa as pessoas cegas e insensíveis aos bens do reino de Deus. Essa ação missionária passa pela pregação vigorosa e perseverante da Palavra de Deus, pelo chamado à conversão, à penitência e à renovação do fervor religioso.
Muitas são as formas de participação nesse esforço missionário da Igreja, que não pode ser relegado a alguns poucos “missionários de profissão”. Todo o povo dos batizados, membros da Igreja, recebeu a vocação missionária e pode agir em muitas frentes diversas. O laicato católico, presente em todos os ambientes e estruturas da sociedade, tem uma vocação missionária especial. Os pais que educam os filhos na fé e os introduzem na vivência cristã na Igreja fazem uma grande ação missionária. Também os catequistas, os que prestam serviços de caridade e tantos que se propõem a edificar o mundo a partir de suas convicções de fé são missionários preciosos. Santa Teresinha nos lembra de que há muitos modos de ser missionários e de colaborar com a obra missionária da Igreja. De que maneira cada um de nós colabora na missão da Igreja?