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Proximidade: acolhimento e escuta 

Muitas vezes, estamos próximos e distantes ao mesmo tempo, pois nem sempre estamos na disposição de abertura. A proximidade requer acolhimento, escuta, conforto, apoio, doação, enfim, é entrega olhando para fora de si, olhando para o outro. 

Os meios de comunicação nos colocam próximos de tudo, por mais longe que esteja a realidade retratada, colocando-nos envolvidos com o mundo, mas sempre flertando com o inimigo que é o acostumar-se a estar perto e longe. 

Quem é o próximo que está ao meu lado? O que posso fazer para ajudar na caminhada que ele está fazendo, certamente com tantas perplexidades angústias e alegrias? Isso nos interpela? 

É inerente a cada um de nós a busca da felicidade e o desejo de não passar em vão pelo mundo. Isso nos leva a querer um verdadeiro encontro com as pessoas as quais vamos passar ao lado hoje ou que já estão ao nosso lado. Sinto que devo viver intensamente cada momento, mas nem sempre… 

O Papa Francisco, em 2018, ao falar a um grupo de focolarinos assim se expressou quanto à proximidade: “O carisma da unidade é um estímulo providencial e uma ajuda poderosa para viver esta mística evangélica do nós, ou seja, caminhar juntos na história dos homens e das mulheres do nosso tempo com ‘um só coração e uma só alma’ (cf. At 4,32)”. 

O Papa Francisco remete à oração de Jesus ao Pai: “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti” (Jo 17, 21) e a importância da proximidade como uma palavra-chave, já que a proximidade foi a atitude de Deus quando enviou o Filho. 

Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, aborda o tema escrevendo: “Restabelecer o amor ao irmão, à irmã, com o objetivo de tecer relações de harmonia e inclusão, é um caminho que exige alargar o coração segundo o modelo do coração de Jesus, deixando que a misericórdia prevaleça. Descobriremos que a proximidade é uma oportunidade: de acordo com a lógica do Evangelho, o próximo traz em si um dom que ‘nos coloca em contato com o Amor’ e, portanto, gera, no plano pessoal e social, a Unidade.” 

No discurso de posse, o Papa Leão XIV exortou à importância de estar próximo: “A todos vocês, irmãos e irmãs de Roma, da Itália e de todo o mundo, queremos ser uma Igreja sinodal. Uma Igreja que avança, que busca sempre a paz, busca sempre a caridade, busca sempre estar próxima, principalmente daqueles que sofrem.” 

Essa proximidade, lembrou o Cardeal Odilo Pedro Scherer em uma entrevista ao Vatican News em fevereiro deste ano, deve se refletir nas nossas comunidades, grupo e paróquias que são espaços “de manifestação de proximidade, presença e acompanhamento da vida, como é da missão da Igreja”. Ele também disse: “Esse acolhimento, deve acontecer nas bases, em cada diocese, por meio da iniciativa do bispo e dos seus colaboradores e envolvendo as comunidades.” 

A proximidade nos leva ao sentimento de pertença à Igreja, à comunidade, à paróquia, que são lugares de vida cristã intensa, comunitária e deve refletir, depois, no nosso cotidiano. 

Estar ao lado, efetivamente, com todo o empenho de criar uma convivência de sentimentos puros, de unidade. Isso não é uma utopia, é uma realidade na qual devemos penetrar e dar a nossa contribuição. 

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