Circula pelas redes sociais um vídeo, gravado em São Paulo, no qual duas jovens nuas fazem uma atuação em torno de uma cruz. Apesar da porcentagem de cristãos na população brasileira ser próxima a 80%, casos como esse se tornaram comuns tanto em nossas mídias quanto nas redes sociais.
Muitas vezes, trata-se de um gesto intencional, procurando não apenas escandalizar, mas também enfraquecer a mentalidade cristã no País. Outras vezes, são gestos que, apesar de provocativos, nascem mais da ignorância e da falta de empatia de pessoas que não se dão conta daquilo que estão fazendo. Seja uma alternativa, seja a outra, cabe a pergunta: como esses gestos podem ser cada vez mais comuns numa sociedade que prega o respeito a todos e a abertura ao diferente, que condena toda forma de constrangimento e intolerância?
Numa espantosa inversão ideológica, para os que praticam esses atos, o desrespeito vem justificado justamente pelo fato de ocorrer contra uma religião majoritária. As minorias vulneráveis devem ser protegidas e amparadas (e, nesse ponto, todos concordamos), mas as maiorias teriam como que suportar todas as provocações. No discurso ideológico, todo cristão fervoroso é culpado das injustiças e dos atos desumanos praticados ao longo da história, como se governos, partidos, forças econômicas e movimentos sociais não tivessem sua dose de culpa nos desmandos que existiram e continuam existindo.
Quando os cristãos se sentem atacados e protestam, sua reivindicação por respeito é tratada como sinal de intolerância e autoritarismo – servindo para legitimar novos ataques e mais gestos de desrespeito. Alguns gestos são feitos justamente com a intenção de provocar reações indignadas dos cristãos, permitindo que seus realizadores ganhem projeção midiática e se apresentem como vítimas e não como desrespeitadores. Por isso, certas reações exaltadas só servem para piorar a situação. Sendo assim, podemos nos perguntar: o que fazer?
O Papa Bento XVI, comentando a passagem do Evangelho em que Jesus convida a “dar a outra face” (cf. Lc 6,29), explica que essa ideia não consiste em se entregar nas mãos daquele que é mal, mas, sim, em responder ao mal com o bem (cf. Rm 12,17-21). Mas, então, nossa pergunta muda um pouco: como responder a essas provocações com o bem?
Quando esses atos de desrespeito, por maldade ou ingenuidade, são protagonizados por jovens, podemos nos perguntar: quais são os valores cultivados pela juventude? O quanto as correntes e tendências ideológicas da atualidade têm manchado a consciência dos jovens a respeito da dignidade de seus corpos, que, como enfatizou o Papa Francisco, são “o lugar do nosso chamado ao amor autêntico”, onde “não há espaço para a superficialidade” (cf. Audiência Geral de 31 de outubro de 2018)?
A indignação diante dessas situações, pode ser compreensível, mas a raiva sempre é má conselheira. Ela não nos conduz ao bem, mas nos faz potencializar o mal. Antes de condenar o erro, cabe-nos testemunhar o amor e a virtude. Vivemos uma batalha pelo coração do ser humano, pelo nosso coração, pelo coração de nossos jovens… E só o amor pode conquistar nosso coração para Cristo. Um amor que é capaz de trazer a alegria e o verdadeiro gosto de viver – pois não nos enganemos: todo ser humano, inclusive os jovens de hoje e as pessoas que nos agridem, quer uma vida que tenha gosto, que valha a pena ser vivida.
Essa não é uma tarefa só das autoridades eclesiásticas, dos padres ou dos professores. Todos nós somos chamados a ser um testemunho da “alegria do Evangelho”, a calar as provocações não com agressividade, mas com a força do encontro que acolhe e mostra um caminho de realização de vida mais plena e cheia de beleza.
Gosto das mensagens de ” O São Paulo”, desde meus tempos de estudo em Curitiba nos anos 60. Parabéns e votos de que esta tribuna do bem tenha sempre a coragem e o discernimento para levar a boa notícia a muita gente.
Estamos diante de alguns problemas:
1 – A entidade PUC, sua linha de conduta e seu exemplo.
Imagino haver um código de ética que o aluno ao entrar na instituição deva ter de fazer uma adesão sob pena de não ser aceita a matrícula, para tanto, este código já deva ser de conhecimento na inscrição para o vestibular. Se não há este código, está na hora de começar a ser pensado.
2 – Cristão é solidário e perdoa.
A meu ver, estas alunas devem ser chamadas à uma conversa particular, sem publicidade, e saber delas as reais intenções e a capacidade de mudança de atitude, feita a avaliação, tomar as medidas cabíveis, indo no caso extremo à expulsão da entidade.
3 – Por quê chegamos a esta situação? Onde falhamos? É possível correção?
Saudações,
Guilherme Pacheco e Silva
São Paulo – SP
Ninguém acha que Jesus agiu com raiva quando expulsou os vendilhões do tempo. Ali, foi necessária uma medida enérgica em face do desprezo dos vendilhões ao sagrado. Da mesma forma, as medidas provenientes da justa indignação, em face da grave profanação, não constituem raiva, mas justa reação frente ao vilipêndio a um dos mais importantes símbolos do cristianismo. Se nada for feito, as ofensas continuarão piorando, e é preciso compreender que estamos diante de uma guerra contra os valores cristãos, onde muitos jovens são doutrinados a perseverarem em um tipo de ódio que não permite observar os gestos genuínos de amor de quem os admoesta serenamente. É preciso saber se defender, e não apenas sorrir amorosamente de forma passiva. A postura passiva frente aos vilipêndios vem possibilitando o aumento dos ataques à fé cristã. Sem qualquer tipo de violência, os responsáveis pelo vilipêndio devem assumir a responsabilidade pelas ofensas cometidas, dentro da ordem jurídica vigente. É possível, de forma equilibrada, ser manso e humilde de coração, e ter a coragem, também, de denunciar os males cometidos contra a Igreja, no exemplo dos maiores mártires de nossa Fé.
Obrigado pelo Editorial. “A indignação diante dessas situações, pode ser compreensível, mas a raiva sempre é má conselheira. Ela não nos conduz ao bem, mas nos faz potencializar o mal.”
O editorial omite o fato de que a profanação ocorreu na PUC-SP. A reprimenda aos atos vis que se praticaram é um bem; não é um mal.
Bem para a sociedade e também para os infratores (as mulheres e outros responsáveis), pois toda pena tem caráter medicinal. É o remédio amargo que se traga e surte efeitos positivos para a saúde.
Deixar impunes as alunas e os professores implica conivência e convite para que fatos similares voltem a ocorrer, como, aliás, é exatamente este o caso, vez que em 2013, a mesma santa cruz foi vilipendiada, sem que as autoridades universitárias tivessem tomado providências enérgicas.
De qualquer forma, os alunos da PUC-SP e os “filhos da PUC” aguardam ao menos um ato de desagravo celebrado pelo grão-chanceler, dom Odilo.