Experimentamos, nas últimas semanas, sentimentos contrastantes: em poucos dias, passamos da tristeza e do luto pela morte do Papa Francisco para a alegria da eleição de um novo Papa, Leão XIV. Na realidade, de uma forma viva, deparamo-nos novamente diante do mistério da Igreja. Quando olhamos para a Igreja com os olhos da fé, ela aparece em sua autêntica e profunda realidade. A Igreja, como o próprio mistério de Cristo, é divina e humana. Nela atua o Espírito que a mantém fiel, sem deixar de ser uma realidade humana e próxima. Está no meio dos tempos e se mantém fiel às origens pela força do Espírito que a anima. É universal e se realiza, em sua plenitude, em cada Igreja particular que se encontre em comunhão com Roma. É universal e católica e se cinge aos limites do local e particular. Se não estivesse unida ao desígnio de salvação de Deus que se realiza em Cristo, seria uma mera associação humana que já haveria desaparecido da história como tantos movimentos, civilizações e culturas.
Podemos dizer com toda a força: creio na Igreja! Porque ela nos dá Cristo e a própria força do Espírito. Creio na Igreja tanto mais que, hoje em dia, é a única luz que resta a esse nosso mundo, cético, cansado e triste. Quando professamos ‘Creio na Igreja’, o objeto deste ato de fé é, em rigor de termos, o mistério da Igreja, semelhante – ainda aqui – ao mistério de Cristo. Quem crê na Igreja reconhece o caráter divino da instituição visível, a unidade misteriosa, atuada por ela. Na Igreja visível, o fiel vê o Cristo vivo. Somente nesse sentido se pode falar de devoção à Igreja, de entrega total ao seu serviço.
Em relação à eleição do Papa Leão XIV, sucessor de Pedro, devemos reconhecer que Jesus tem um tratamento especial em relação a Pedro: paga o tributo por ele (cf. Mt 17,24); toma a casa de Pedro como própria (cf. Mt 8,14); prega à multidão subindo à sua barca (cf. Lc 5,1-12). Sobretudo, evidencia-se o caráter especial de sua missão quando Jesus chama-o “rocha”, “pedra”. Seu nome encabeça todas as listas dos doze. Pedro é quem responde em nome dos outros nos momentos solenes (cf. Mt 16,16); é aquele que dirige a conversação. Tem proeminência sobre os demais: quando aparece a afirmação “Pedro e os seus” (Mc 1,26), significa que se encontrava reunido com todos os Apóstolos. Cristo diz que rezou especialmente por ele, para que a sua fé não desfalecesse (cf. Lc 22,31), porque sua função é sustentar a fé dos seus irmãos. Este tratamento destacado com Simão Pedro evidencia-se especialmente no marco fundacional da Igreja: “Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18): promessa do primado que se confirmará no diálogo à margem de Tiberíades, depois da Páscoa, em que Cristo faz a concessão do Primado, pelo qual Pedro é o fundamento da unidade e da firmeza da Igreja, porque tem as chaves do reino (cf. Jo 21). O poder de atar e desatar, de fechar e abrir a porta: o vigário de Cristo atuará em seu nome e cumprirá a sua função quando Ele não estiver.
Transcrevo trechos do comentário de um conhecido jornalista, publicado recentemente nas redes sociais: “O Papa é o sinal visível da unidade da Igreja. O seu urbi et orbi é um anúncio de esperança para um mundo machucado por guerras, polarizações e relativismos morais… Leão XIV – nome que evoca autoridade, mas também luz — é um homem de oração e cultura. É um pastor, não um político; um pai, não um gestor. No seu primeiro pronunciamento, tocou corações ao lembrar que: ‘A Igreja não é nossa, é de Cristo, e a Ele devemos fidelidade, sempre.’ Pedro está vivo na pessoa do Papa.”
Vamos agradecer a Deus por nos ter dado um novo sucessor de Pedro e Pastor da Igreja Católica. Estamos muito felizes em comprovar a realidade de que a Igreja é de Deus e que o Espírito Santo a conduz. A escolha do Cardeal Prevost surpreendeu-nos: pouco ou quase nada se falava dele nos dias prévios à eleição. Isso reforça nossa convicção de que o Espírito Santo conduziu os cardeais reunidos no Conclave para escolher o seu nome. Para apascentar as suas ovelhas, Deus suscita ao longo do tempo, dentro da sua Igreja, novos bons pastores, que têm os mesmos sentimentos de zelo pelas ovelhas e doam suas vidas a elas. Agradecemos a Deus por nos ter dado o Papa Leão XIV. Vamos rezar diariamente por ele, para que receba as luzes e graças de Deus para conduzir a Igreja com santidade e sabedoria.