Sede de infinito: uma espiritualidade que urge

Na liturgia do 3o Domingo da Quaresma, a Igreja contempla o Cristo que é a água para nossa sede. A bem da verdade, Ele é a própria fonte: sempre podemos a Ele acorrer com nossa sede de esperança, justiça, vida, fé; com a aspiração de felicidade que está no coração de todos nós. Uma sede de água e de pão nos acompanha, mas também sede de carinho, cultura, respeito, dignidade, justiça, verdade e, acima de tudo, de fé genuína pois, o crescimento tecnológico, faz esquecer a vida espiritual. Como batizados, de alguma forma, devemos preencher a ausência de valores, o vazio interior. O Salmo 42 diz: “Como a corsa anseia pelas águas correntes, assim minh’alma anseia por Ti. Minh’alma tem sede de Deus”. 

Dá-nos água para beber, dizia o povo devorado pela sede, no deserto. Moisés bateu na rocha e jorrou água em abundância. Aquela rocha era Jesus, afirma São Paulo em 1Cor 10: era a fonte de água espiritual, oferecida a todos os povos para que ninguém mais tenha sede.

O Evangelho deste 3o Domingo fala do encontro da samaritana com Jesus. A sede de água traz presente a sede de vida e de amor. A samaritana somos todos nós, sedentos de paz, alegria, repouso, aconchego em Deus. Há uma inquietude em nós: a água do poço de Jacó sacia por um curto espaço de tempo. A água que Jesus oferece sacia para sempre. Essa água viva é o Espírito Santo: uma nascente do divino em nós.

São Paulo, na Segunda Leitura, nos diz: “Por Ele fomos justificados. O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Há multidões de sedentos que precisam ser saciados. Levemos Deus às pessoas por meio de um testemunho de alegria pela pertença à Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em nosso Batismo, recebemos o Espírito Santo: somos templos; portanto, somos profetas. Podemos falar em nome de Deus, proclamar suas maravilhas. Esse tempo já está no meio de nós! Mesmo que sejamos frágeis, quebráveis, não fiquemos na periferia da vida espiritual. Lembrei-me do cidadão que entrou na loja de jardinagem: “Moça, quanto custam esses vasos?” E ela responde: “O bom custa R$ 20 e o ruim R$ 85”. E ele:  “Ué, mas por que o ruim é mais caro?”, ao que a moça responde: “É porque vaso ruim não quebra!” Sigamos, irmãos! Fragmentáveis, mas com os olhos fitos no Senhor. Um dia tudo será colocado às claras. É melhor servir a Deus, hoje, que ser réu de um juízo eterno.

Que nada substitua nossa adesão total a Deus. Mesmo que sejamos aniquilados, que nada nos tire do caminho  do  Céu. Essa deve ser nossa meta: não perder a oportunidade de um dia estar na casa do Pai, poder olhar para Deus. O que é mais importante que ver a Deus? E é o que nos está preparado desde toda eternidade: a Jerusalém  celeste, cidade onde – no último dia – todos  os  que  forem  resgatados  pelo  sangue  do  Cordeiro  entrarão, com Jesus, numa oferenda ao Pai. Que nada nos roube aquele momento.  Continuemos…  atentos, quebráveis, mas inquebrantáveis!

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