Como já acontece frequentemente, a 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprovou, no último dia 29 de abril, uma Mensagem ao Povo Brasileiro. O texto volta-se às questões sociais e políticas, como esperado em um ano eleitoral, marcado por acirradas polarizações e debates ideológicos. Seu teor logo foi transformado em alvo de ataques ou tentativas de instrumentalização eleitoreira.
Esse tipo de debate e tentativas de manipulação da mensagem é fácil de entender quando pensamos que a Igreja Católica permanece a maior denominação religiosa no Brasil. O problema surge quando nós mesmos, os católicos, nos deixamos levar por essas tendências e perdemos o cerne da proposta eclesial.
A Mensagem dos bispos, neste ano, é claramente um convite a um maior engajamento cívico e político. Ficar olhando para política a distância, sem uma leitura crítica dos fatos, não parece ser uma postura correta em uma democracia participativa e representativa. Esta não é uma postura cristã de busca da verdade no amor.
Sabemos que no nosso país ainda é muito pequena a participação dos cidadãos e cidadãs em instâncias constituídas com esta finalidade – conselhos municipais, audiências públicas, comissões, associações, partidos políticos, casas legislativas etc. Para muitos, fazer política significa atirar pedras contra os políticos – de esquerda, centro ou direita –, a depender da própria visão de mundo.
Fazer críticas com pedras nas mãos, muitas vezes contagiados psicologicamente pelo calor do debate, sem um engajamento responsável, tende a levar à frustração e à generalização de que a política não serve para nada. Nos últimos anos, este tipo de experiência tem alimentado a polarização em detrimento da criação de espaços para um diálogo maduro, consciente e consistente.
Não será fácil superar este clima político de guerra entre os “pró-Lula”, os “pró-Bolsonaro” e os “nem-nem”, agravado pela pandemia e o isolamento. Para sair desse impasse com horizonte estreito, é preciso que voltemos a nos reunir pessoalmente fora das redes sociais que, no fundo, empobrecem.
Precisamos arejar a política com ideias e propostas que surgem na convivência criativa com nossos pares e com os adversários. A mensagem cristã do amor aos inimigos neste tempo de Páscoa e vésperas da festa de Pentecostes é mais do que apropriada.
Creio que estes são alguns dos ingredientes desejáveis para que as eleições de 2022 sejam fecundas em favor do bem comum do Brasil. A CNBB apontou nesta direção com coragem, paciência e esperança.