Estamos prestes a concluir o tempo do Advento, tempo em que nos preparamos para a celebração do Natal de Jesus, isto é, o Mistério da Encarnação – “O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Portanto, nos preparamos para render graças a Deus e fazer memória da vinda do Emanuel, Deus-conosco!
Toda a liturgia do Advento foi concebida para despertar esperança, anseio e alegre expectativa. Ela possui um caráter escatológico, sobretudo no primeiro período que vai do 1º Domingo do Advento até o dia 16 de dezembro. A preparação imediata para o Natal e o caráter de expectativa pelo nascimento do Salvador se dá no segundo período que vai do dia 17 de dezembro até a véspera do Natal – é a novena de Natal!
Os primeiros momentos do tempo do Advento nos fazem recordar a segunda vinda de Jesus, na Parusia, isto é, no fim dos tempos, quando o Reino de Deus, que Ele inaugurou, chegará à sua plenitude. Todas as vezes em que celebra a Eucaristia, a Igreja implora tanto a vinda do Reino – ao rezar o Pai-Nosso em comunidade – quanto a vinda de Cristo: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa Ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”. Por isso mesmo, a Mãe-Igreja, por meio do anúncio da Palavra, nos leva a recordar o ensinamento de Jesus sobre a vigilância, de modo a estarmos preparados para ir ao seu encontro quando Ele vier, com as lâmpadas da fé, esperança e caridade sempre acesas.
Entre a primeira vinda do Senhor, que celebramos no Natal, e a sua segunda vinda no fim dos tempos, temos ainda uma vinda intermediária que se dá de dois modos: o primeiro diz respeito à vinda do Senhor no coração daquele que crê. Por isso, é importante, neste tempo, fazer memória da nossa experiência pessoal do encontro com Cristo, agradecer o dom da fé, recordar os momentos marcantes de nossa vida em que pudemos sentir a Sua presença viva em nossa caminhada e na vida da Igreja, da qual fazemos parte. O segundo modo se dá por meio do encontro com Ele nos irmãos, especialmente os mais sofridos nos quais Ele se faz presente: “Todas as vezes que fizestes isto a um desses pequeninos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40). Isso deve nos motivar à caridade fraterna, indo ao encontro dos irmãos e irmãs e vendo neles a face dolorosa do Cristo que deseja ser acolhido e amado, ao mesmo tempo em que nos ama e nos acolhe – trata-se de uma via de mão dupla: eu que vou ao encontro do Senhor e o Senhor que vem ao meu encontro!
Por todas estas razões acima expostas, o Advento se torna um tempo de feliz expectativa pela vinda do Senhor, e o Natal, por sua vez, a festa que renova nossa esperança, pois Deus mesmo vem ao nosso encontro, se faz criança em Seu Filho amado, para que Dele nos aproximemos sem receio ou medo, de modo a nos conquistar pelo amor que é entrega e serviço, proporcionando-nos vida e salvação. O Senhor armou sua tenda no meio de nós e permanece conosco: “Estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20).
O Reino que Cristo inaugurou ainda não se concluiu; o mundo já foi redimido e continua sendo, pois a obra de Cristo permanece: “Levantai a vossa cabeça e olhai, pois a vossa redenção se aproxima” (Lc 21,28). Portanto, como nos recorda o profeta Isaías: “Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. Dizei às pessoas deprimidas: ‘Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus (…), é Ele que vem para vos salvar’” (Is 35, 4). Ele, de fato, veio ao nosso encontro em Seu Filho, Cristo Jesus! “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is 9,11). Por isso, preparemos o caminho para Ele em nossos corações, por meio de uma constante conversão; no coração dos irmãos, testemunhando do Evangelho com renovado ardor missionário; e no mundo, por meio de uma caridade ativa e transformadora, afirmando com nossa vinda: Maranathá! “Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22,20).





