Iniciamos o tempo do Advento, mais uma vez, e nos preparamos para celebrar o Natal de Jesus. Ao nosso redor, o comércio e os movimentos culturais já anteciparam o Natal com milhares de luzes, anúncios e eventos. No entanto, não devemos perder o sentido deste tempo litúrgico especial, que a Igreja é chamada a viver com fé profunda e serena.
O Advento é marcado pelas promessas divinas de salvação, pela esperança e pelas atitudes proativas da vigilância e da preparação. Anunciamos a vinda de Deus e Sua chegada entre nós. Nosso Deus é o Deus que veio, que vem e que virá, e nós vivemos na dinâmica do acolhimento desse bom anúncio, da abertura para nos deixarmos envolver pelo Deus que veio, vem continuamente e ainda virá ao nosso encontro.
Durante o Advento, a Igreja celebra a esperança do povo de Deus, animado pelas profecias do envio do Salvador, convidando-nos a viver e atualizar a esperança no cumprimento das promessas do Deus fiel, que cumpre o que promete ainda hoje. No Natal, a Igreja celebra o Mistério da Encarnação do Filho de Deus em nossa natureza humana: é a realização mais do que maravilhosa das promessas de Deus: o Filho Unigênito se faz próximo de cada ser humano, tornando-se “Emanuel – Deus conosco”.
A Igreja convida, no Advento, a acolher novamente esse dom único de Deus à humanidade, não apenas como recordação do passado, mas como dom feito a cada um ainda hoje; assim, ela exorta a “preparar os caminhos do Senhor” com profunda fé e gratidão, mediante a penitência, a conversão. Sim, embora seja um tempo marcado pela alegria e pela esperança, o Advento também é um tempo de penitência, de conversão e de intensa busca de Deus. Durante o Advento, deve crescer em nós o desejo intenso de ir ao encontro Dele e de encontrá-Lo. O risco é viver este tempo precioso nas distrações que o mundo oferece e na superficialidade, sem adentrarmos na riqueza daquilo que a Igreja anuncia e crê.
Mas o Advento tem mais uma dimensão, não se restringindo ao acolhimento do “Deus que veio”. Desde o primeiro Domingo do Advento, aparece o tema da “segunda vinda do Senhor”. De fato, Jesus adverte que o Filho do Homem virá e é preciso estarmos preparados para ir ao Seu encontro e O acolher (cf. Mt 24,37-44). Na sua profissão de fé (Creio em Deus Pai…), a Igreja proclama sua fé “naquele que um dia há de vir para julgar os vivos e os mortos”. A segunda vinda de Cristo “em sua glória” é uma verdade que ajuda a manter-nos vigilantes sobre o modo que vivemos.
Nossa vida está orientada para esse grande encontro final da existência. Que também já deve ser preparado ao longo de toda a vida. Por isso, podemos dizer que a Igreja de Cristo vive em constante “situação de Advento”, cada dia indo ao encontro do Senhor e de sua manifestação gloriosa. Essa verdade da nossa fé não deveria ser motivo de angústia para ninguém, mas um estímulo para viver responsavelmente cada dia da vida que nos é dada. Ao mesmo tempo, deveria encher-nos de confiança e alegria, pois nos dá a certeza de que nossa vida tem uma grande meta, que é o encontro final com Deus e a participação na sua glória.
Neste tempo de Advento, a Igreja convida a intensificar aquelas atitudes cristãs que devem marcar a vida inteira do cristão. Entre essas atitudes, está o espírito de penitência e de conversão sincera a Deus. Por outro lado, muita oração, como Jesus pediu: “Rezai sempre, para terdes força para comparecer perante o Filho do Homem”. Com a oração, cultivamos a experiência do encontro pessoal com Deus. Por outro lado, a correção dos nossos vícios e inclinações desordenadas, que nos levam a pecar. E, também, a buscar uma fé viva e a prática da caridade, tão necessárias para nossa salvação.
Neste ano, a temática do Advento se une com o tema do Ano Jubilar de 2025, que nos ajudou a aprofundar outra dimensão fundamental do Advento e da vida cristã inteira: a esperança. Somos peregrinos de esperança, animados pela esperança nos bens prometidos por Deus. Não temos esperança apenas para esta vida, mas estamos a caminho dos bens prometidos por Deus, bens que superam toda imaginação e capacidade humana. Esta esperança sobrenatural é segura e não decepciona, pois está firmemente enraizada no amor infinito de Deus por nós, revelado por meio mistério da Encarnação do Filho de Deus em nossa carne, como celebramos no Advento e no Natal.






