Logo do Jornal O São Paulo Logo do Jornal O São Paulo

Vocação sacerdotal

Nesta primeira semana do mês das vocações, a Igreja no Brasil nos convida a meditar de forma especial a vocação ao sacerdócio – aproveitando o ensejo da comemoração litúrgica, no dia 4, de São João Maria Vianney, o Santo Cura d’Ars, padroeiro de todos os párocos. A Igreja sempre precisa de mais jovens dispostos a responder generosamente a este chamado divino – mas será que ainda vale a pena entregar a vida como sacerdote?

É verdade que existem hoje muitas influências contrárias à ideia da vocação sacerdotal. Há uma certa mentalidade, difusa em nosso mundo, de que o sacerdócio seria um obstáculo à realização plena dos maiores ideais de um jovem com futuro promissor. Na cabeça de muita gente, ser padre seria algo como uma “segunda opção” – algo que só faria sentido para um jovem sem grandes perspectivas profissionais ou familiares.

E, no entanto, a mensagem de Cristo sobre o sacerdócio é justamente o oposto desta mentalidade mundana. Os apóstolos de Cristo tinham suas profissões, suas famílias, suas vidas – e, como dizia São Pedro, “deixaram tudo” para seguir Jesus. Que proveito será que tiveram com isso? A resposta vem da boca do próprio Cristo: “Todo aquele que por minha causa deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casas receberá cem vezes mais desde agora, neste tempo, casas, irmãos e irmãs, mãe e filhos e terras, com perseguições; e, no mundo futuro, a vida eterna” (cf. Mt 19,29; Mc 10,29-30). O sacerdócio não é a antítese da realização plena, mas sim a sua forma mais radical e fecunda.

É fundamental para nossos jovens ter contato com tantos padres piedosos, entregues ao cuidado das almas por amor a Cristo, e, ao mesmo tempo, realizados e felizes – profundamente felizes! O “sim” de um jovem à vocação sacerdotal tem efeitos grandiosos, que só poderemos enxergar plenamente na eternidade: cada padre bom e fiel leva consigo milhares de almas ao Céu. “Como é belo ver um padre idoso rodeado e visitado por aqueles pequeninos – hoje adultos – que ele batizou em seus inícios e que vêm, com gratidão, apresentar-lhe a família! Então, descobrimos que (…) a unção de Deus nunca decepciona e diremos com o Apóstolo: ‘Não cesso de dar graças a Deus por vós’ (Ef 1,16)” (Carta aos Sacerdotes, 04/08/2019).

São Francisco Xavier, o grande missionário das Índias, era um jovem de família rica e nobre, e estudante da prestigiada Universidade de Paris quando conheceu Santo Inácio de Loyola, e entrou em uma trajetória de conversão que abriu-lhe novos horizontes e mudou sua vida. Anos depois, já desbravando terras missionárias, ele escrevia sobre a falta que fazem os padres: “Nestas paragens, são muitíssimos aqueles que não se tornam cristãos, simplesmente por faltar quem os faça tais. Veio-me muitas vezes ao pensamento ir pelas academias da Europa, particularmente a de Paris, e por toda a parte gritar como louco e sacudir aqueles que têm mais ciência do que caridade, clamando: ‘Oh! Como é enorme o número dos que, excluídos do céu, por vossa culpa se precipitam nos infernos!’ Quem dera que se dedicassem a esta obra com o mesmo interesse com que se dedicam às letras, para que pudessem prestar conta a Deus da ciência e dos talentos recebidos!”.

Rezemos, então, pelos nossos jovens, especialmente por aqueles que pressentem um chamado especial de Deus em sua vida. Não sufoquem a semente! Procurem um bom sacerdote que os possa ajudar com direção espiritual, e participem dos encontros da Pastoral Vocacional! Vale a pena, sim, entregar a vida ao sacerdócio. Que muitos digam sim e subam ao altar de Deus, do Deus que alegra a sua juventude!

Deixe um comentário