A confiança no amor

A exortação apostólica do Papa Francisco, C’est la confiance, fundamentada na Doutrina de Santa Teresinha, é um convite aos homens e mulheres deste tempo a se lançarem na grande aventura da confiança naquele que, sendo Deus, se fez homem para partilhar a nossa existência humana, morreu numa cruz para perdoar nossos pecados e ressuscitou para nos comunicar a sua própria vida: Jesus Cristo.

O Papa Francisco presenteou a Igreja com uma exortação apostólica sobre a confiança no amor misericordioso de Deus, C’est la confiance, neste 2023 em que se celebra os 150 anos do nascimento de Santa Teresa do Menino Jesus, mais conhecida como Santa Teresinha para diferenciá-la de Santa Teresa de Jesus, ou de Ávila, a fundadora do Carmelo reformado.

A primeira surpresa desta exortação apostólica é que seu título não é em latim — como é o costume, por ser essa a língua oficial do Vaticano —, mas sim em francês, a língua materna de Santa Teresinha, evidenciando o conselho do Papa de buscarmos nas fontes a “ciência do amor”, da pequena grande doutora da Igreja.

O título da exortação apostólica traduzido para o português sugere que “só a confiança e nada mais do que a confiança tem de conduzir-nos ao Amor”, e é retirado da carta no 197, conforme catalogada nas Obras Completas de Teresinha. Essa carta é uma resposta à sua irmã mais velha, a também carmelita Irmã Maria do Sagrado Coração, a qual lhe escreveu um bilhete dizendo que ficou triste ao perceber que não tem o mesmo desejo pelo martírio que Teresinha, ao que ela respondeu: “Eis uma prova de que não amo a Jesus como vós amais”.

O fato de que “só a confiança e nada mais do que a confiança tem de conduzir-nos ao Amor” é a fonte da doutrina de Teresinha que o Papa propõe para a humanidade de hoje, para a Igreja e para cada um de nós. A confiança na misericórdia de Deus que se revelou plenamente na pessoa de Jesus Cristo, tal como vemos no Evangelho de João: “Deus tanto amou o mundo que entregou seu filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3,16)

Nessa mesma carta, Teresinha diz à sua irmã: “Ah! Sei muito bem que não é nada disso que agrada a Deus na minha alma pequenina, o que lhe agrada é ver-me amar a minha pequenez e a minha pobreza, é a esperança cega na sua misericórdia…eis meu único tesouro”. É essa confiança cega na infinita misericórdia divina, manifestada plenamente em Jesus, a chave para o caminho da santidade; unindo-se a esse, há ainda outro ensinamento de Teresinha expresso nessa mesma carta: “Deus nunca inspira desejos que não se possa realizar”.

A confiança na misericórdia divina e o desejo de amar a Cristo — o único capaz de saciar a sede de beleza, bondade, verdade, justiça e felicidade que existe no coração humano — e, por causa disso, o anseio de que Jesus seja mais conhecido, adorado, obedecido, amado e proclamado, nos faz viver um caminho de autêntica santidade e, consequentemente, de felicidade.

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