Em resposta ao amor de Cristo, que se ofereceu por nós, nos dedicamos ao bem de nossos irmãos, tanto em sua dimensão social quanto espiritual.
A doutrina da reparação está intimamente ligada à devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Exposta na encíclica Miserentissimus Redemptor (MR 5-13), de Pio XI, propõe uma série de práticas que visam reparar as ofensas feitas a Deus, enfatizando o amor e a misericórdia que emanam do Coração de Cristo.
Tomando por base a espiritualidade de Santa Teresa do Menino Jesus, o Papa Francisco explica que a base dessa reparação não se baseia numa justiça retributiva, na qual o ser humano busca “pagar a Cristo” pelas ofensas feitas a Ele em função de nossos pecados. Trata-se antes, de uma resposta de gratidão apaixonada por Seu amor misericordioso (cf. Dilexit nos, DN 195-198). Com essa postura, nos afastamos de interpretações moralistas e posturas farisaicas na reparação ao Sagrado Coração de Jesus.
Francisco irá apresentar, ainda, o sentido social dessa reparação, pois “unir o amor filial para com Deus ao amor do próximo […] é a verdadeira reparação pedida pelo Coração do Salvador”, como escreveu São João Paulo II numa Carta ao Prepósito-Geral da Companhia de Jesus, em 1986. “No meio do desastre deixado pelo mal – segue Francisco – o Coração de Cristo quis precisar da nossa colaboração para reconstruir a bondade e a beleza” (DN 182).
“Precisamente porque a reparação evangélica tem este forte significado social – continua o Papa – os nossos atos de amor, de serviço e de reconciliação, para serem reparações eficazes, requerem que Cristo os impulsione, os motive e os torne possíveis. São João Paulo II dizia que, para construir a civilização do amor, a humanidade de hoje precisa do Coração de Cristo. A reparação cristã não pode ser entendida apenas como um conjunto de obras exteriores, que são indispensáveis e por vezes admiráveis. Exige uma espiritualidade, uma alma, um sentido que lhe dê força, impulso e criatividade incansável. Precisa da vida, do fogo e da luz que vêm do Coração de Cristo” (DN 184).
Francisco insiste que a proposta cristã, para ser atraente, deve ser “vivida e manifestada em sua integralidade “ e, por isso, “não se trata sequer de uma promoção social desprovida de significado religioso, que no fundo seria querer para o ser humano menos do que aquilo que Deus lhe quer dar” (DN 205). Assim, o sentido social da reparação se integra com a dimensão missionária da Igreja, pois “por intermédio dos cristãos, o amor difundir-se-á no coração dos homens, para que se construa o Corpo de Cristo que é a Igreja e se edifique uma sociedade de justiça, de paz e de fraternidade” (DN 206).
Dirigindo-se a cada um de nós, o Papa nos convida a ter o mesmo desejo de Santa Teresa do Menino Jesus, que viveu o ardor missionário como “parte inseparável da sua oferta ao Amor misericordioso”. Ele nos diz: “Esta é também a tua missão. Cada um cumpre-a à sua maneira, e verás como podes ser missionário. Jesus merece-o. Se tiveres coragem, Ele te iluminará, acompanhará e fortalecerá, e viverás uma experiência preciosa que te fará muito bem. Não importa se conseguirá ver algum resultado; deixa isso para o Senhor que trabalha no segredo dos corações, mas não deixes de viver a alegria de tentar comunicar o amor de Cristo aos outros” (DN 216).