Coda, no ritmo do coração

Divulgação

Assistir a este filme sem ter ouvido nada muito preciso sobre ele e sem nenhum spoiler prévio pode ser uma experiência única. A gente vai de surpresa em surpresa. A primeira delas, sem dúvida, é que ganhou três Oscars em 2022: Melhor Filme, Ator Coadjuvante e Roteiro Adaptado.

Depois de assistir ao filme, a gente se pergunta: como é que a Academia o escolheu?! A Academia parecia concentrada numa agenda ideológica, progressista e politicamente correta, na distribuição de seus prêmios, mas somos surpreendidos com um filme que, de alguma maneira, nos remete a uma história de amor singela e sem muitas complicações, onde, após muitas dificuldades, tendo superado vários obstáculos, o amor prevalece.

A segunda surpresa é saber que é um remake, a versão hollywoodianado filme francês A Família Bélier, de 2014. A grande diferença é que o filme norte-americano enfoca uma família de pescadores, numa região costeira, enquanto o original se passa numa fazenda familiar da França.

A terceira surpresa é saber que Coda é a abreviação de Child Of Deaf Adults (criança de pais surdos) e que a diretora, Siân Heder, fez questão de colocar no elenco pessoas realmente surdas e mudas que atuam com a naturalidade e espontaneidade de quem realmente está vivendo o seu papel. A família de pescadores formada por Jackie, a mãe, Frank, o pai, Leo, o irmão mais velho, todos surdos-mudos, e Ruby, a filha que ouve e fala normalmente e ajuda toda a família no trabalho da pesca diária, bem como é a intermediária entre a família e a comunidade de pescadores e habitantes da cidade costeira, é um outro elemento surpreendente.

Impossível não ficar emocionados quando escutamos várias vezes ao longo do filme a canção You’re All I Need to Get By e impossível também não sentir uma fisgada no coração quando ouvimos aquela parte da letra I´ll sacrifice for you. Dedicate my life for you (“Vou me sacrificar por você. Dedico minha vida a você”) porque todo o filme fala disso, de como é bonito e grandioso e maravilhoso sentir, tocar e ver que alguém nos ama e que está disposto a se sacrificar por nós e dedicar a sua vida ao nosso amor. Ruby, aos 17 anos, está disposta a sacrificar a sua vida pela sua família, e seus pais também estão dispostos a se sacrificarem para que ela realize seus sonhos.

Pouco antes do fim, ouvimos Ruby cantando “Both Sides Now”, de Joni Mitchell, enquanto, olhando para seus pais e irmão, fala em libras: “Olho o amor de ambos os lados agora, do dar e do receber…. Eu realmente não sei nada sobre o amor”. Mas é precisamente o contrário: se alguém sabe muito, mas muito mesmo, sobre o que o amor significa, esses são Ruby, seu pai, sua mãe e seu irmão.

Coda
Direção e roteiro: Siân Heder
Elenco: Troy Kotsur, Marlee Matlin, Emilia Jones, Eugenio Derbez

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