Conectados Anônimos: como tratar em família?

Apesar de suas indiscutíveis maravilhas, que tanto facilitaram as comunicações e puseram o mundo todo ao alcance de uma tela na palma de nossas mãos, o progresso tecnológico vem se configurando como um novo obstáculo ao desenvolvimento humano integral das novas gerações. Contudo, as famílias podem encontrar estratégias adequadas para superar os problemas. Com a contribuição do Family Talks, uma organização destinada à defesa e apoio às famílias, este é o tema deste Caderno Fé e Cultura.

Arte: Sergio Ricciuto Conte

Na primeira década dos anos 2000, a chegada de novos dispositivos eletrônicos e suas respectivas funcionalidades trouxe uma expectativa de que o desenvolvimento cognitivo das crianças acompanharia o mesmo ritmo do progresso tecnológico. Assim nasceria uma geração já adaptada aos toques em telas e, por isso, mais inteligente. Afinal, se considerarmos que o smartphone tem mais tecnologia do que os foguetes que levaram o homem à Lua, é compreensível imaginar que as conexões, a memória e a velocidade das comunicações deste novo cenário criariam um ambiente de aceleração no desenvolvimento infantil. Mas não foi isso o que ocorreu.

Hoje, vinte anos depois, embora haja benefícios quanto ao acesso das informações e notícias de todo lugar do mundo e em tempo real, a contrapartida do uso precoce, excessivo e prolongado das tecnologias durante a infância teve efeitos negativos (ver Efeitos nocivos do uso excessivo de telas, abaixo).

É verdade que a tecnologia trouxe a possibilidade de maior relação com mais pessoas, principalmente por meio de redes sociais. O que muitas vezes se vê, porém, é um isolamento interno dentro da própria casa, na qual crianças e seus responsáveis já têm os seus celulares, os seus tablets e os seus gadgets. As telas podem acabar cumprindo um papel de distração também para adultos e tornam-se ferramentas que podem mascarar a falta de apego, abandono afetivo ou pouca atenção aos filhos em decorrência do cansaço e estresse parental.

Dessa forma, é preciso enfrentar o dilema das telas em família. A estratégia mais acessível é limitar o tempo de exposição às telas (ver Recomendações de exposição às telas por idade, também na página 3). Além de limitar, é possível acompanhar o conteúdo exposto para crianças e adolescentes. Por fim, há recomendações do que fazer em família, como: não permitir que seus membros fiquem isolados nos quartos, mas estimular o uso dos locais comuns da casa; desconectar todos os dispositivos uma a duas horas antes de dormir; oferecer alternativas para atividades esportivas, exercícios ao ar livre ou em contato direto com a natureza; envolver a criança ou o adolescente em tarefas domésticas como forma de distração; e, por fim, aproveitar o tempo em família, como refeições, trajetos dentro do carro, atividades de supervisão dos filhos, deveres de casa, para evitar o uso de telas. Cada família pode adotar uma abordagem, de acordo com o que funciona na rotina de casa.

Este Caderno Fé e Cultura foi produzido com a colaboração de Family Talks, um programa de advocacy que tem como objetivo propor ações para a defesa dos direitos e o fortalecimento das famílias junto a lideranças nas esferas civis e governamentais. O programa está vinculado à ADEF (Associação de Desenvolvimento da Família), uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, apartidária e não confessional, fundada em 1978. A missão da ADEF é promover projetos para o fortalecimento dos vínculos familiares por meio da defesa de direitos e da ação direta com as famílias.

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