Baseado nos livros de Frank Herbert (1920-1986), Duna se passa em um universo submetido a um Império Galático, no qual o que há de mais valioso é uma substância necessária em viagens espaciais. A história gira em torno da guerra pela posse do planeta desértico de Arrakis (Duna), único a produzir essa substância, habitado pelos Fremen, ferozes devotos que estão à espera de um Messias, que lhes trará a vitória sobre os opressores de outros planetas… Metáfora da disputa pelo petróleo no Oriente Médio durante o século XX?
Boa parte da trama, com dois filmes já lançados, está centrada em Paul Atreides, um jovem nobre que descobrirá ser o Messias esperado pelos Fremen, suas incertezas e a indecisão em corresponder às esperanças de um povo subjugado, mas que deflagra um conflito universal que ceifará a vida de milhões.
Duna é uma denúncia contra o fanatismo religioso, que leva os guerreiros a se imolarem em nome do que consideram um bem maior. Fé e fanatismo irracional frequentemente se misturam nos Fremen, com resultados algumas vezes heroicos, outras vezes trágicos. Contudo, seja como for, em Duna, a fé se revela um dado real: algo transcendente realmente interfere na vida e na história. O fanatismo é um mal a ser evitado, mas a fé talvez mostre algo real, uma força escondida e inacessível aos incrédulos.
Não se trata aqui de discutir as ideias do autor, mas sim de constatar que a série mostra a ambiguidade da relação do ser humano com a divindade – que pode ir do mais sublime amor à criação e ao irmão, ao mais terrível desejo de morte e destruição. Para os que creem, Duna é um duro questionamento: que testemunho estamos dando ao mundo? Da fé consciente dos que se descobrem amados ou do fanatismo irracional dos ressentidos?
DUNA: Parte Um / DUNA: Parte Dois
Direção: Denis Villeneuve
Roteiro: Denis Villeneuve, Jon Spaihts e Eric Roth
Atores Principais: Timothée Chalamet, Zendaya, Rebecca Ferguson e Josh Brolin.
Duração: 155 min / 166 min
Disponível: HBO Max
