Todo educador deseja que os jovens, sejam seus filhos, sejam seus alunos, se desenvolvam para serem livres e felizes. Espera que sua experiência e seu conhecimento da vida ajude-os a se confrontar com a realidade, aprendendo a amar, a se comprometer com o bem e a se fascinar com a verdadeira beleza. Mas a sociedade questiona e relativiza cada vez mais qualquer valor ou princípio ético, a educação frequentemente é apresentada como doutrinação, o mundo parece dominado pelo individualismo e por uma falsa beleza.
Nesse contexto, é particularmente significativa a reflexão de Dom Luigi Giussani, educador e sacerdote italiano, no livro Educar é um risco.
No centro da obra está o tema da liberdade, entendida como a capacidade de responder à realidade de forma pessoal e responsável. Giussani argumenta que a educação não pode ser um processo de doutrinação ou simples transmissão de noções, mas deve antes ajudar a pessoa a conquistar sua própria liberdade e orientá-la para o bem.
O título do livro faz alusão ao fato de que toda educação autêntica implica um risco. O educador não pode ter o controle total do processo educativo, mas deve confiar na liberdade do educando. Isso significa aceitar a possibilidade de que este possa tomar decisões equivocadas ou fazer escolhas não conformes às expectativas do educador – que não é um simples dispensador de saberes, mas uma testemunha confiável que compartilha com o outro sua experiência de vida e de fé. Aceitando o risco inerente ao processo educativo e as- sumindo que a vida testemunhada é mais decisiva de que os princípios teorizados, Giussani recupera e integra o desejo de liberdade e a busca de referências dos jovens à exposição dos próprios valores e ao espaço de liberdade que deve ser dado pelo educador.
A educação se torna assim um caminho de liberdade e uma abertura à realidade, na totalidade de seus fatores, como o próprio Giussani insiste em afirmar no livro.
GIUSSANI, Luigi .Educar é um risco. São Paulo: Companhia Ilimitada, 2019.
