IA: a questão fundamental é sempre antropológica

Segundo o Papa Francisco, só o coração poderá nos orientar para um sábio uso dos algoritmos, em prol de todo o gênero humano (Trechos da Mensagem à Cúpula Mundial sobre a Inteligência Artificial, 10-11/fev/2025).

Na minha última carta encíclica, Dilexit nos (DN 14,20) quis distinguir a categoria dos algoritmos da do “coração”, conceito-chave defendido pelo grande filósofo e cientista Blaise Pascal […] para sublinhar que, se os algoritmos podem ser usados para enganar o homem, o “coração”, entendido como a sede dos sentimentos mais íntimos e mais verdadeiros, nunca o poderá enganar […] É apenas do “coração” humano que provém o sentido da sua existência (cf. Blaise Pascal, Pensamentos) […] Convido a acolher como axiomático o princípio: “O amor vale mais do que a inteligência” (Jacques Maritain, Reflexões sobre a inteligência, 1938).

[…] Já na minha Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2024, dedicada à inteligência artificial, salientei que “nos debates sobre a regulamentação da inteligência artificial, dever-se-ia ter em conta as vozes de todas as partes interessadas, incluindo os pobres, os marginalizados e outros que muitas vezes permanecem ignorados nos processos de decisão globais”. 

[…] A questão fundamental, porém, continua e continuará sempre a ser antropológica, ou seja: se “o ser humano, como ser humano”, no contexto do progresso tecnológico, se tornará “verdadeiramente melhor, isto é, mais amadurecido espiritualmente, mais consciente da dignidade da sua humanidade, mais responsável, mais aberto para com os outros, em particular para com os mais necessitados e os mais fracos”. (SÃO JOÃO PAULO II. Redemptor hominis, RH 15). O nosso desafio último é o ser humano e continuará a ser sempre o ser humano; nunca o esqueçamos.

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