JMJ: nascida no coração de um papa e animada pela fé da juventude

Arte: Sergio Ricciuto Conte

Há quase 40 anos, em abril de 1984, São João Paulo II organizou para o Domingo de Ramos o Jubileu dos Jovens, por ocasião do Ano Santo da Redenção (1983- 1984). A expectativa era a de receber no Vaticano cerca de 60 mil peregrinos, mas o número foi mais de quatro vezes superior a isso: lá estiveram 250 mil pessoas, de diferentes partes do mundo.

A surpreendente presença dos jovens fez com que o Papa repetisse o convite para que fossem ao Vaticano, em março de 1985, no contexto do Ano Internacional da Juventude, promovido pela ONU. E para lá foram 300 mil jovens, que lotaram as igrejas e se reuniram na Praça São Pedro para celebrar o Domingo de Ramos. Ao fim daquele ano, ao se dirigir aos membros do colégio cardinalício e aos colaboradores da Cúria Romana, São João Paulo II recordou o fato.

“Ainda tenho em meus olhos as imagens do encontro daquela assembleia de jovens de todas as raças e origens na Praça São Pedro, quando rezamos e refletimos juntos, com a íntima participação de todos os presentes, feitos um só coração e uma só alma, até que as sombras da tarde envolveram aquela multidão reunida em frente à Catedral de Roma. A emoção volta intacta ao pensar na procissão e na missa do domingo seguinte, à qual aquela assembleia de jovens – não uma massa anônima, não um número, mas uma presença viva e pessoal! – participou com grande alegria e serenidade, em um ato comunitário de amor e fé em Cristo Senhor, na vigília da comemoração da sua Paixão”, recordou o Pontífice, que, na sequência, anunciou a criação da JMJ: “O Senhor abençoou aquele encontro de maneira extraordinária, tanto que, para os próximos anos, fica instituída a Jornada Mundial da Juventude”.

Símbolos especiais. Dois símbolos acompanham os jovens durante a JMJ, na verdade até mesmo meses antes, já que peregrinam pelas dioceses do país em que se realizará a jornada em âmbito internacional.

O primeiro deles é a cruz peregrina – com 3,8 metros de altura e feita de madeira – que o próprio São João Paulo II confiou aos jovens no encerramento do Jubileu da Juventude em 1984: “Queridos jovens, ao final do Ano Santo, confio a vocês o sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Levem-na ao mundo, como sinal do amor do Senhor Jesus pela humanidade e anunciem a todos que somente em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção”.

O outro símbolo é o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani, que esteve pela primeira vez em uma jornada na edição de 2000 e se tornou um ícone permanente da JMJ a partir de 2003. Trata-se de um quadro, com 120 centímetros de altura e 80 centímetros de largura, que retrata a Virgem Maria com o Menino Jesus nos braços. Esse ícone está associado a uma das mais populares devoções marianas na Itália.

“Daqui em diante, junto com a Cruz, ele [o ícone] acompanhará as Jornadas Mundiais da Juventude. Eis a tua Mãe! Será sinal da presença materna de Maria ao lado dos jovens, chamados, como o apóstolo João, a acolhê-la em sua vida”, disse São João Paulo II, ao entregar o ícone aos jovens que se preparavam para a JMJ Colônia 2005.

Evangelização e integração. Em 2023, a Jornada Mundial da Juventude será realizada em Lisboa, Portugal, entre 1º e 6 de agosto, tendo como tema “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1,39).

A primeira JMJ ocorreu em Roma, em 1986. Anualmente, acontece em âmbito diocesano, e com intervalos de dois a três anos em âmbito internacional, em uma cidade sede, como será desta vez em Lisboa.

Pelas suas próprias origens, a JMJ é reconhecidamente o grande momento de encontro dos jovens com o Papa, que a eles se dirige de modo especial.

Também é uma forte ocasião para a evangelização juvenil, já que além dos atos centrais com o Pontífice – como a via-sacra na sexta-feira, a vigília no sábado e a missa de envio no domingo –, os jovens participam de catequeses e conhecem de modo mais aprofundado a história de santos e beatos a serem tomados como exemplo para o testemunho da vida cristã no cotidiano.

A Jornada também proporciona um intenso momento de interação entre os jovens, seja nos atos centrais e também pelo fato de os peregrinos serem acolhidos nas casas de famílias cristãs ou permanecerem juntos em instalações públicas como ginásios, escolas e salões paroquiais.

Nesta edição especial do Caderno Fé e Cultura, com a temática sobre a JMJ e a juventude, destaca-se que a Jornada é uma grande celebração da fé e da pertença da juventude na Igreja, e de sua pertença a ela, momento em que cada jovem pode aprofundar seu encontro pessoal com Cristo e discernir sobre sua vocação de vida. Também apresentamos alguns trechos da exortação apostólica pós-sinodal Christus vivit, publicada em 2019 pelo Papa Francisco após a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre os jovens, a fé e o discernimento vocacional; recordamos as edições passadas da JMJ e destacamos os propósitos da JMJ Lisboa 2023, na qual a juventude reunida mostrará ao mundo que é possível viver a paz, a união e a fraternidade entre os povos e nações.

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