Uma tetralogia aclamada pelas pretensas reflexões filosóficas e metafísicas, Matrix se passa em um mundo controlado por máquinas, no qual as pessoas vivem em uma realidade virtual fictícia, impossibilitadas de conhecer o verdadeiro real. Um grupo de rebeldes luta para libertar a humanidade desta “matrix”, acreditando que um predestinado irá derrotar as máquinas e restaurar a liberdade dos humanos. Quando Neo, um hacker comum, é recrutado pelo grupo, descobre que é o escolhido, embarcando em uma jornada para entender seus poderes especiais e salvar a humanidade.
O herói messiânico, a luta da humanidade contra uma potência tecnológica despótica e a importância da fé (seja ela qual for) são temas recorrentes na ficção cientifica. Matrix, contudo, na época de seu lançamento, ainda que sem uma intenção explícita por parte dos realizadores, se apresentou como uma grande alegoria que permitia uma reflexão metafísica mais aprofundada. Assim, tornou-se um fenômeno cultural neste contexto atual no qual as pessoas continuam a sua busca religiosa, mas desconfiam das religiões institucionalizadas.
A pretensão filosófico-religiosa dos fãs da série levou à fundação do “matrixismo”, que se propõe na prática como uma manifestação religiosa. Como na maior parte das propostas deste tipo, procura, por meio de práticas de reflexão e meditação, despertar uma consciência interior aberta à transcendência e criar uma vivência comunitária entre seus adeptos. São experiências que, na tentativa de evitar as religiões institucionalizadas, mergulham o seguidor em uma ficção pseudorreligiosa. O que poderia ser visto como um testemunho do desejo humano de transcendência, como acontece em outros filmes similares, torna-se, neste caso, uma ilusão fictícia que afasta de Cristo.
MATRIX (1999, 2003, 2004 e 2021)
Direção e roteiro: Lana e Lilly Wachowski
Elenco: Keanu Reeves, Laurence Fishburne, Carrie-Anne Moss e Hugo Weaving
Duração: 136, 138, 129 e 147 minutos
Disponível: HBO Max
