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Nossa Senhora e a esperança, de Francisco a Leão

Para o último mês de maio, tradicionalmente consagrado a Maria, no âmbito do ano jubilar da esperança, com a colaboração do Padre Alexandre Awi, profundo conhecedor da espiritualidade mariana do Papa Francisco, havíamos previsto um Caderno Fé e Cultura voltado a “Nossa Senhora, mãe da esperança”. Deus, porém, tinha outros planos… A morte de Francisco e a eleição de Leão XIV nos obrigaram a mudar totalmente nosso projeto. Assim nasceu este Caderno, que mantém o foco em Maria e no Jubileu da Esperança, mas agora procurando fazer uma ponte entre o magistério dos dois papas – mesmo que o atual papado ainda esteja no início e tudo que se escreve ou mesmo se seleciona de suas palavras ainda esteja sujeito a melhor compreensão no futuro.

Arte: Sergio Ricciuto Conte

 O tema escolhido por Francisco para o Jubileu 2025 nos mostrou como nosso tempo carece de esperança. Um certo otimismo característico da Modernidade se foi, o “realismo” contemporâneo frequentemente é apenas um pessimismo cínico, que corrói a alma sobretudo dos mais jovens. Mas compreender plenamente a esperança cristã não é fácil. O que significa dizer que “Cristo é a nossa esperança”? Muitos leem essa frase como uma versão religiosa da força do pensamento positivo: se somos cristãos, se fazemos nossa parte, Deus fará nossos desejos se realizarem. Mas basta ver o desenrolar da história para perceber que as coisas não são assim automáticas. Há também os que a leem como uma promessa utópica e militante: se lutarmos por um mundo melhor, a sociedade do amor pregada por Cristo acontecerá. Mas a história desmente também essa versão. Outros a reduzem à dimensão meramente escatológica: nossa esperança é sermos felizes na vida eterna, ao lado da Santíssima Trindade. Justo, mas como acreditar que isso acontecerá depois da morte, sem que alguma coisa mude já agora…

Bento XVI sabiamente advertia: “A fé não é só uma inclinação da pessoa para realidades que hão de vir, mas estão ainda totalmente ausentes; ela dá-nos algo. Dá-nos já agora algo da realidade esperada, e esta realidade presente constitui para nós uma ‘prova’ das coisas que ainda não se veem” (Spe salvi, SS 7). Nossa Senhora, como mãe, nos mostra o que é a esperança cristã: é uma realidade já presente, que perpassa todos os momentos da vida, bons e maus, dando-lhes amor e sentido. Toda mãe, todo pai fazem essa experiência com relação a seus filhos: desejamos ser felizes com eles no futuro, mas já agora eles preenchem nossa vida com amor e significado. Assim é, para nós, a companhia de Cristo, assim aprendemos com Maria.

Esperamos que essas páginas ajudem a todos nós a entrarmos mais no âmago da esperança cristã, bem como seguir, com mais consciência e alegria, ao magistério tanto de Francisco quanto de Leão XIV.

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